O Indicador Serasa Experian da Qualidade de Crédito do Consumidor, que avalia numa escala de 0 a 100 a qualidade de crédito do consumidor - quanto maior, melhor a qualidade de crédito, portanto menor é a probabilidade de inadimplência, caso este consumidor venha a requerer crédito - registrou queda de 0,1% no segundo trimestre deste ano em relação ao primeiro trimestre de 2009.

O indicador, criado com base nos modelos estatísticos de avaliação de risco de crédito utilizados pela Serasa Experian, atingiu o patamar de 78,9 no segundo trimestre de 2009, frente aos 79,0 pontos do primeiro trimestre. Vale lembrar que, no último trimestre de 2008, esse número fechou em 78,8 pontos mesmo patamar registrado no 3º trimestre de 2008, quando se iniciou o agravamento da crise financeira internacional com a quebra do banco Lehman Brothers, em 15 de setembro, nos Estados Unidos. Ou seja, a qualidade de crédito do consumidor passou ilesa ao movimento de turbulência financeira internacional, não demonstrando deterioração a partir do quarto trimestre de 2008.

 

Na verdade, o período de piora da qualidade de crédito do consumidor iniciou-se a partir de 2007 devido ao rápido aumento do endividamento das famílias, acompanhado pela posterior elevação da inadimplência (veja parágrafo seguinte), agravado conjunturalmente pelas medidas de aperto monetário (elevação do IOF e da taxa básica de juros) executadas pela Autoridade Monetária em parte relevante de 2008.

Tais constatações são reforçadas pelo fato de que a mudança de patamar verificado pelo Indicador Serasa Experian de Inadimplência das Pessoas Físicas ocorreu ainda no 3º trimestre de 2008, oscilando ao redor de 10% desde então, reagindo apenas marginalmente ao agravamento da crise financeira internacional.

 

Neste aspecto, a recuperação da qualidade de crédito do consumidor passa, necessariamente, por medidas que confiram não apenas uma melhor educação financeira por parte das pessoas físicas, como também pelo aprimoramento dos instrumentos de avaliação de riscos por parte dos concedentes de crédito. Neste último quesito, a introdução do Cadastro Positivo, nos moldes dos países que hoje o operam, é de vital importância para este fim.

Análise Regional

Na análise regional, verifica-se que a região Sul está acima média, registrando a melhor marca, 83,8, seguida pelo Sudeste, com 79,2. Já a região Norte teve a pior qualidade de crédito, marcando 75,2. O Centro-Oeste (77,0) e o Nordeste (77,5) ficaram abaixo da média nacional.

 

Análise por Rendimento Pessoal Mensal

Por faixa de renda, a classe que ganha até R$ 500 por mês é a que possui menor índice 73,4, evidenciando o maior endividamento de risco entre os consumidores deste segmento. A classe acima de R$ 10 mil registra o melhor indicador, 94,0 seguida pela renda de R$ 5 mil a 10 mil (92,1).

Vale ressaltar que, comparativamente à média do primeiro semestre de 2008, a queda na qualidade de crédito do consumidor (média do 1º semestre de 2009) foi tanto maior quanto menor a classe de rendimento pessoal mensal: para os consumidores com renda mensal de até R$ 500, a queda foi de 1,0%, para as classes intermediárias – de R$ 500 a R$ 1.000, R$ 1.000 a R$ 2.000 e R$ 2000 a R$ 5.000 – o recuo foi de 0,8%, para quem ganha entre R$ 5.000 e R$ 10.000 a queda foi de 0,4% e no estrato superior, isto é, rendimento mensal acima de R$ 10.000, o recuo foi de apenas 0,1%.

Metodologia do Indicador

O Indicador Serasa Experian da Qualidade de Crédito do Consumidor avalia, trimestralmente, o risco de crédito dos consumidores. É construído a partir dos scores computados a partir de uma amostra aleatória representativa de 450 mil pessoas físicas sem identificação, constantes da base de dados da Serasa Experian, com base nos modelos internos de avaliação de risco de crédito. O indicador varia numa escala de 0 a 100 e quanto maior, melhor é a qualidade do crédito (menor é a probabilidade de inadimplência). É segmentado por região geográfica e classe de rendimento mensal.