Hoje, praticamente tudo o que fazemos gera dados: uma compra no cartão, um cadastro em um aplicativo, uma curtida em rede social, um clique em uma pesquisa. Esses rastros, somados a milhões de outros, formam uma base gigantesca de informações sobre hábitos, preferências e comportamentos.
São esses dados que permitem que empresas recomendem um filme, detectem tentativas de fraude antes que aconteçam ou ofereçam crédito de forma mais justa. E quem trabalha para transformar essas informações em soluções práticas são as datatechs: empresas de tecnologia especializadas em coletar, processar e analisar dados de forma inteligente.
Mas, ao mesmo tempo em que os dados abrem espaço para inovação, também levantam uma questão essencial: como garantir que tudo isso seja feito com responsabilidade e respeito à privacidade das pessoas?
É aí que entra a LGPD — a Lei Geral de Proteção de Dados, que define as regras para o uso de informações pessoais no Brasil. É nesse ponto que tecnologia e regulação precisam andar juntas.
O que é, na prática, uma datatech
O termo datatech vem de data (dados) e tech (tecnologia). Na prática, é o nome dado às empresas que usam tecnologia para transformar dados em inteligência e valor.
Essas companhias fazem o trabalho pesado de analisar grandes volumes de informações, que podem vir de várias fontes (cadastros, interações digitais ou dados públicos) e transformá-las em informações úteis.
As datatechs utilizam ferramentas como:
- IA (Inteligência Artificial) e machine learning (aprendizado de máquina), para identificar padrões e prever comportamentos;
- Modelos analíticos, que ajudam a entender riscos, oportunidades e tendências;
- Automação de processos, que aplica as informações em tempo real — como na aprovação de crédito ou prevenção de fraudes.
O objetivo é simples: usar dados para gerar inovação, de forma eficiente, ética e segura.
LGPD: o que é e por que ela é tão importante
A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) entrou em vigor no Brasil em 2020 e veio para garantir que o uso de dados pessoais seja feito com transparência e responsabilidade.
Em resumo, a LGPD estabelece que:
- As empresas devem informar claramente por que estão coletando determinado dado e como vão utilizá-lo;
- O titular (ou seja, a pessoa dona dos dados) tem direito de acessar, corrigir ou excluir suas informações;
- Nenhum dado pessoal pode ser tratado sem uma base legal, como consentimento, obrigação regulatória ou legítimo interesse;
- É obrigação das empresas proteger os dados, evitando vazamentos, acessos indevidos e usos não autorizados.
Em outras palavras, a LGPD garante direito à privacidade e fortalece a confiança entre pessoas e empresas, um elemento essencial para o avanço da economia digital no Brasil.
Inovar com responsabilidade: o equilíbrio entre tecnologia e privacidade
Trabalhar com dados é um privilégio, e com ele vem uma grande responsabilidade.
Por isso, uma datatech precisa garantir que inovação e privacidade caminhem lado a lado.
Veja alguns cuidados essenciais:
1. Coletar apenas o necessário
Menos é mais. Coletar só o que realmente é útil para a finalidade do produto ou serviço reduz riscos e facilita o controle.
2. Proteger desde o início
O conceito de privacy by design (privacidade desde a concepção) significa pensar em segurança antes mesmo de desenvolver uma solução. Isso inclui criptografia, controle de acesso e políticas internas bem definidas.
3. Anonimizar informações
Sempre que possível, dados pessoais devem ser tornados anônimos, evitando que possam ser associados diretamente a alguém.
4. Garantir transparência
Explicar de forma clara como os dados são usados é essencial para gerar confiança e credibilidade.
5. Criar uma cultura de privacidade
A responsabilidade sobre os dados não é só do time de tecnologia. Todas as áreas precisam entender a importância da proteção de dados e aplicar no dia a dia.
Inovação e privacidade não se excluem. Elas se fortalecem.
Empresas que cuidam bem dos dados das pessoas não apenas cumprem a lei, mas constroem confiança e credibilidade duradouras.
O futuro da inovação com dados
A era da economia digital exige inteligência para lidar com informação e isso vale tanto para startups quanto para grandes corporações.
As datatechs mostram que é possível inovar com dados de forma ética e estratégica, sem abrir mão da privacidade. Já a LGPD garante que essa evolução aconteça com regras claras e confiança mútua.
No fim das contas, proteger dados é proteger pessoas e o futuro da inovação.
Para se aprofundar no tema, veja os artigos Diferenças entre datatech e bigtech, Saiba o que significa ser uma empresa datatech e como ela atua e Serasa Experian cria a categoria datatech e redefine o papel do marketing orientado por dados.