O agronegócio segue como uma das forças mais relevantes da economia nacional, movimentando cadeias inteiras de produção e exportação. Dentro desse cenário, empresas que oferecem crédito rural exercem um papel decisivo para que produtores tenham acesso aos recursos necessários para planejar, produzir, investir e crescer com mais segurança.

Conceder crédito no campo, no entanto, exige atenção aos ciclos agrícolas, às particularidades regionais e ao comportamento de risco de cada operação. A tecnologia tem sido uma aliada valiosa nesse processo, pois permite análises mais precisas, maior agilidade na tomada de decisão e um olhar mais completo sobre quem está solicitando os recursos.

Neste artigo, reunimos os principais pontos que sua empresa precisa conhecer sobre o funcionamento do crédito rural, as modalidades disponíveis, tendências atuais e o impacto da inovação nesse mercado. Ao final, mostramos como a Serasa Experian pode apoiar a sua atuação com soluções específicas para o agro. Boa leitura!

O que é mercado de crédito rural?

O crédito rural é uma modalidade de financiamento do agronegócio criada para viabilizar o desenvolvimento do setor agropecuário brasileiro. Regulamentado pelo Banco Central e guiado pelas diretrizes do Conselho Monetário Nacional, esse tipo de crédito é detalhado no Manual de Crédito Rural (MCR) e está diretamente ligado à ampliação da capacidade produtiva, comercial e tecnológica no campo.

Destinado a produtores rurais, cooperativas e associações, o crédito rural oferece suporte financeiro para múltiplas finalidades: aquisição de insumos agrícolas, compra de máquinas, investimentos em infraestrutura, custeio de lavouras, industrialização de produtos agropecuários e melhoria de rebanhos.

Essa variedade de aplicações torna esse tipo de financiamento um recurso indispensável para a modernização das atividades no campo e a manutenção da competitividade do agronegócio brasileiro.

Sob a perspectiva das instituições financeiras, essa modalidade de financiamento representa uma oportunidade estratégica para expandir a atuação no setor mais resiliente da economia nacional. Com uma demanda crescente por soluções financeiras adequadas às particularidades do campo, cresce também a importância de oferecer produtos personalizados, que atendam tanto o pequeno produtor quanto grandes grupos do agro.

Além disso, com a digitalização e a introdução de tecnologias no agro, a análise de crédito evoluiu. Hoje, dados climáticos, imagens de satélite, histórico de produção e informações socioambientais tornam-se insumos valiosos para avaliar risco com mais precisão e segurança. Isso torna o crédito rural mais inteligente, orientado por dados confiáveis e alinhado ao perfil real de cada operação.

Compreender o funcionamento do crédito rural é estratégico para instituições financeiras que buscam aumentar sua relevância no campo e construir relações duradouras com produtores e cooperativas.

Entenda o processo de concessão do crédito rural e o papel das instituições financeiras

A concessão do crédito rural segue critérios técnicos e regulatórios estabelecidos por órgãos como o Banco Central do Brasil (BACEN) e o Conselho Monetário Nacional (CMN), e obedece às diretrizes previstas no Manual de Crédito Rural (MCR). O processo é estruturado para garantir que os recursos destinados ao setor agropecuário sejam aplicados com eficiência, responsabilidade e retorno produtivo.

O ponto de partida é a elaboração de um projeto técnico que comprove a viabilidade econômica da operação. Esse documento apresenta, de forma detalhada, a finalidade do crédito, os custos envolvidos, a estimativa de retorno e os prazos previstos para execução e pagamento. A análise de crédito considera a capacidade produtiva do tomador e sua conformidade com as normas ambientais, fiscais e operacionais.

Além da documentação técnica, o processo envolve a verificação da integridade cadastral do requisitante, a apresentação de garantias adequadas e o alinhamento do pedido de crédito ao Zoneamento Agroecológico, que define as condições ideais para o cultivo em cada região. Esses elementos compõem a base de avaliação para a liberação dos recursos.

As empresas que atuam na intermediação entre os produtores e o sistema financeiro têm papel estratégico na aceleração e na qualificação desse processo. Por conhecerem de perto a realidade do campo, interpretam com maior precisão as demandas dos produtores, estruturam projetos sólidos e facilitam a comunicação com as instituições financeiras.

A concessão de crédito pode ser feita de forma direta ao produtor ou por meio de cooperativas, associações e integradoras. Em qualquer cenário, cabe à instituição financeira realizar o acompanhamento das etapas de aplicação dos recursos, supervisionar o cumprimento dos objetivos e assegurar a aderência ao cronograma de gastos e pagamentos definido no contrato.

Ao estruturar bem esse processo, as instituições aumentam a segurança da operação, reduzem riscos e contribuem para a modernização sustentável do agronegócio brasileiro.

Tipos e modalidades de crédito rural

Entender a amplitude das modalidades de crédito rural é determinante para as empresas que atuam como agentes financeiros do agronegócio. Cada linha representa uma oportunidade para ampliar o portfólio de produtos e atender com mais precisão os diferentes perfis de produtores, fortalecendo a presença no campo e impulsionando resultados.

Crédito rural de custeio

Voltado para o financiamento da produção agrícola, esse tipo de crédito cobre despesas operacionais como aquisição de sementes, fertilizantes, defensivos, combustível e mão de obra. A demanda por essa modalidade é recorrente, especialmente em culturas sazonais. Representa uma frente constante para instituições que desejam estabelecer vínculos duradouros com os produtores ao longo de diversos ciclos produtivos.

Crédito rural de investimento

Essa linha viabiliza a modernização das propriedades, com foco na aquisição de maquinário, implementos agrícolas e melhorias de infraestrutura. Para empresas de crédito, trata-se de uma oportunidade de oferecer soluções de maior valor agregado e de longo prazo, que contribuem para a evolução tecnológica e o aumento da capacidade produtiva no campo.

Crédito rural para comercialização

Com foco nas etapas pós-colheita, esse financiamento atende necessidades relacionadas à armazenagem, transporte e estratégias de venda. Para os credores, é uma alternativa de financiamento que conecta a produção ao mercado e amplia o leque de atuação dentro da cadeia.

Crédito para industrialização

A agregação de valor à produção por meio de processos como beneficiamento, secagem, limpeza e embalagem demanda recursos próprios. O crédito para industrialização cobre essa lacuna e se apresenta como uma via para aproximar as empresas financeiras dos produtores que atuam de forma mais verticalizada ou em parceria com agroindústrias.

Crédito rural para pecuária

Focado em atividades como bovinocultura, avicultura e suinocultura, esse crédito atende desde a aquisição de animais até a construção de instalações específicas. A expansão do setor pecuário exige soluções financeiras alinhadas com os ciclos da atividade e as necessidades específicas de cada criação, o que abre espaço para produtos de crédito segmentados e personalizados.

Crédito rural para agricultura familiar

Além das linhas amplamente conhecidas, há uma série de programas governamentais e setoriais que ampliam o escopo de atuação das empresas financeiras:

  • Pronamp: atende médios produtores, com foco em expansão da atividade e modernização da gestão;
  • PCA (Programa para Construção e Ampliação de Armazéns): estimula a autossuficiência em armazenagem e a logística dentro da propriedade;
  • Renovagro: financia práticas de recuperação ambiental e agricultura sustentável;
  • Proirriga: estimula a adoção de sistemas de irrigação e uso racional da água;
  • Prodecoop: voltado ao fortalecimento e estruturação de cooperativas agropecuárias;
  • Procap Agro Giro: oferta de capital de giro para cooperativas atenderem melhor seus cooperados;
  • Moderagro: direcionado à modernização de técnicas agropecuárias e manejo do solo;
  • Inovagro: ideal para produtores que desejam implementar tecnologia de ponta e automação no campo;
  • Funcafé: específico para a cadeia do café, cobre etapas de produção e estocagem;
  • Moderfrota: fomenta a renovação da frota de máquinas agrícolas com condições especiais.

Expansão e diferenciação no mercado

Ampliar o acesso e a compreensão sobre essas modalidades permite que as empresas de crédito rural estruturem produtos mais adequados às demandas do setor. A diversificação das ofertas, aliada a uma análise de risco eficiente e conhecimento do ciclo agrícola, favorece o posicionamento competitivo e o crescimento sustentável dessas instituições.

Principais tendências do mercado de Crédito Rural

O mercado de crédito rural está em constante evolução, impulsionado por fatores econômicos, tecnológicos e ambientais. Para as instituições financeiras que atuam nesse setor, compreender e se adaptar a essas tendências é fundamental para manter a competitividade e atender às necessidades dos produtores rurais.

1. Sustentabilidade como diferencial competitivo

A crescente demanda por práticas agrícolas sustentáveis tem levado as instituições financeiras a oferecer linhas de crédito que incentivam a adoção de tecnologias e práticas que minimizem os impactos ambientais. Programas como o RenovAgro e o Proirriga são exemplos de iniciativas que financiam a recuperação de pastagens degradadas e a implementação de sistemas de irrigação eficientes, respectivamente.

Além disso, o Plano Safra 2024/25 introduziu medidas que beneficiam produtores que comprovem participação em programas de sustentabilidade do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Esses produtores podem obter uma redução de 0,5 ponto percentual nas taxas de juros das operações de custeio, além de possíveis descontos adicionais relacionados ao Cadastro Ambiental Rural (CAR).

2. Digitalização e inovação tecnológica

A digitalização do processo de concessão de crédito tem facilitado o acesso dos produtores rurais ao financiamento.

3. Inclusão financeira e acesso ao crédito

O Plano Safra 2024/25 destinou R$ 400,59 bilhões para a agricultura empresarial, com R$ 293,29 bilhões alocados para custeio e comercialização, e R$ 107,3 bilhões para investimentos. Desses recursos, R$ 189,09 bilhões são destinados a produtores enquadrados no Pronamp e demais produtores e cooperativas com taxas de juros controladas, enquanto R$ 211,5 bilhões são disponibilizados com taxas livres.

Além disso, o plano introduziu novos grupos no Pronaf, como o Pronaf Jovem, com limite de crédito de R$ 8 mil, que visam ampliar o acesso ao crédito para jovens produtores rurais.

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4. Foco em investimentos estratégicos

O aumento dos recursos destinados a programas de investimento, como o Moderagro, Proirriga e PCA, reflete a necessidade de modernização e infraestrutura no setor agropecuário. Esses programas financiam desde a construção de armazéns até a implementação de sistemas de irrigação e mecanização agrícola, visando aumentar a eficiência e a competitividade do setor.

5. Parcerias público-privadas

A colaboração entre o setor público e privado tem se mostrado eficaz na ampliação do acesso ao crédito rural. As instituições financeiras têm estabelecido parcerias com o governo para oferecer linhas de crédito com condições diferenciadas, atendendo a diferentes perfis de produtores e incentivando práticas sustentáveis.

6. Securitização de crédito rural

A securitização ganha força como alternativa de funding e gestão de risco. Essa operação permite transformar recebíveis do agronegócio — como contratos de financiamento, CPRs ou duplicatas — em títulos negociáveis no mercado de capitais.

Para instituições financeiras, a securitização representa uma via para ampliar a capacidade de concessão de crédito, reduzir exposição direta ao risco e atrair investidores privados ao setor. Além disso, o modelo é compatível com práticas de compliance e pode ser estruturado para incorporar critérios ESG, pois atende às exigências de grandes fundos e investidores institucionais.

As Companhias Securitizadoras de Agronegócio (CSAs) e os Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA) têm sido os principais instrumentos dessa tendência. O ambiente regulatório tem avançado, e a aceitação desses títulos no mercado vem crescendo, sobretudo entre cooperativas, fintechs agro e gestoras de patrimônio ligadas ao setor.

Inteligência artificial para análise de dados direcionados à concessão do crédito rural

No agro, um dos principais papéis da Inteligência Artificial é aperfeiçoar a avaliação de risco e a análise de crédito, para torná-las muito mais seguras, rápidas e eficazes.

Empresas que atuam no transporte, logística e comércio de produtos e desejam se destacar nesse meio, devem incorporar tecnologias avançadas que vão permitir a chamada “digitalização do campo” e impulsionar sua visibilidade na economia.

Desafios e oportunidades no crédito rural: taxas de juros e sustentabilidade

Apesar do aumento significativo nos recursos destinados ao crédito rural no Plano Safra 2024/25, com um total de R$ 476,6 bilhões, o setor enfrenta desafios relacionados às taxas de juros e à necessidade de práticas sustentáveis. As taxas de juros para a agricultura empresarial variam entre 7% e 12% ao ano, enquanto a agricultura familiar tem acesso a taxas entre 0,5% e 6% ao ano. ​

Além disso, o governo federal tem incentivado a adoção de práticas sustentáveis, oferecendo condições diferenciadas para produtores que adotam práticas como agricultura orgânica, sociobiodiversidade, bioeconomia ou agroecologia.

Por exemplo, para agricultores familiares que adotam práticas sustentáveis, as taxas de juros nas linhas de custeio foram reduzidas de 3% para 2% ao ano, e nas linhas de investimento, de 4% para 3% ao ano.

Para as instituições financeiras que atuam no crédito rural, esses fatores representam tanto desafios quanto oportunidades. A necessidade de equilibrar a oferta de financiamento com a sustentabilidade financeira e ambiental exige inovação na estruturação de produtos e na análise de risco. Além disso, a busca por práticas sustentáveis pode abrir portas para novos nichos de mercado e fortalecer a imagem institucional perante os stakeholders.

Como apoiamos sua empresa a levar crédito mais inteligente e seguro ao campo

Na Serasa Experian, compreendemos os desafios enfrentados por quem opera no financiamento ao agronegócio, desde o mapeamento de riscos até a concessão efetiva do crédito. O campo passou por transformações significativas, assim como o perfil do produtor rural. Conceder crédito com mais segurança exige mais do que histórico financeiro: envolve entender o comportamento, a produtividade e o potencial da propriedade rural.

Por isso, desenvolvemos soluções sob medida para o setor, como o Agro Score, que avalia a propensão de pagamento com base em dados específicos do agronegócio, e o Farm Check, que cruza informações cadastrais, geográficas e produtivas do imóvel rural. Essas ferramentas permitem à sua empresa enxergar muito além do básico, com uma visão holística do produtor e da operação.

Além de ampliar o acesso ao crédito de forma responsável, nossas soluções fortalecem a tomada de decisão e reduzem a inadimplência, para facilitar o direcionamento de recursos com mais confiança e eficiência.

Queremos ser o seu parceiro na construção de uma cadeia de financiamento mais moderna, digital, sustentável e rentável, conectando tecnologia, inteligência de dados e experiência para transformar o futuro do crédito rural no Brasil.