Em tempos que exigem cada vez mais consciência social, a Comunicação Não Violenta (CNV) é um método comunicacional que se baseia na humanização da comunicação entre as pessoas. Ela tem o objetivo de tornar as conversas mais tranquilas, permitindo maior fluidez e eficiência em diferentes cenários.

No âmbito profissional, sobretudo, a técnica pode ser um auxílio que mantém ética profissional e corrobora para a resolução de problemas práticos das funções de trabalho. Confira então, aqui no blog Serasa Experian, como se definiu o conceito da CNV, seus quatro principais componentes e suas aplicações no ambiente de trabalho!

Definição de Comunicação Não Violenta

A Comunicação Não Violenta é definida como uma técnica de comunicação que envolve uma abordagem mais aberta e humanizada durante a conversa.

O filósofo norte-americano Marshall Rosenberg é o responsável por elaborar a definição da CNV. O pensador provou sua tese na prática, ao desenvolver o conceito nos Estados Unidos durante a década de 60. Na época, participou de movimentos civis que se opunham à segregação racial.

A importância da CNV

Historicamente, esta técnica comunicacional foi parte importante da estratégia de instituições que defendiam os direitos da população negra dos EUA. Após o sucesso na América do Norte, o conceito se espalhou pelo mundo na resolução de outros conflitos, até chegar ao alcance da sociedade na humanização dos processos comunicacionais.

Seu peso nas resoluções de conflitos, portanto, podem ocorrer quando elementos de conexão, compreensão de sentimentos e compaixão funcionam como auxiliares no entendimento do que o outro quer dizer.

Os 4 componentes da Comunicação Não Violenta

Os 4 pilares da Comunicação Não Violenta são: observação, sentimento, necessidades e pedido. Por meio deles, se dá o processo de compreensão da mensagem por meio da Comunicação Não Violenta. Confira detalhes de cada uma das partes:

Observação

É importante observar atentamente o pedido, seu contexto e a maneira que ele está sendo feito. O autor da CNV orienta que a mensagem seja recebida sem juízo de valor do seu emissor de maneira imparcial.

Essa postura tem base no método científico de pesquisa, que incentiva que o receptor se distancie do problema em potencial para enxergar mais claramente a solução e sua possível resposta.

Isso se aplica nesse caso porque sem considerar opiniões de quem emite a mensagem, o processo de recepção e consideração da ideia abordada é feita de maneira mais justa.

Sentimento

Na sequência, vem a compreensão do sentimento de quem está recebendo a informação. Recomenda-se até que isso seja dito abertamente na resposta, nomeando a sensação que a fala gerou.

Dessa forma, a abertura demonstrada vai ser útil para a resolução do problema. Por meio dela, sinceridade e proximidade serão ferramentas importantes para que a resposta seja encontrada da maneira menos agressiva possível.

A etapa de autoconhecimento, aliás, se torna parte importante para a sequência do processo. Por meio dela, é possível compreender o porquê de ações, capacidades, motivações e muitos outros elementos que influenciam na maneira como alguém vê o mundo e se comporta no seu ciclo social e profissional.

Necessidades

Ser aberto quanto ao que realmente é necessário é o atalho que agiliza a possibilidade de chegar a um consenso realmente efetivo. Ainda com ênfase na clareza, os preceitos da Comunicação Não Violenta nos indicam que após observar atentamente a fala e entender os sentimentos por ela gerados, é hora de abordar as necessidades geradas pela situação.

De quebra, é mais um elemento que aumenta as chances da comunicação não somente ser mais completa, como diminui os riscos de ocorrer um mal-entendido entre quem está se comunicando.

Pedido

Deixar tudo mais aberto torna, consequentemente, muito mais fácil abordar o pedido feito. Esse passo vai desde o uso de uma linguagem simples, direta e sem ambiguidades, até a compreensão da possibilidade de realização dessa demanda. Em seu livro sobre Comunicação Não Violenta, Rosenberg afirma:

“Podemos ajudar os outros a confiar em que estamos fazendo um pedido, e não uma exigência, se indicarmos nosso desejo de que eles atendam somente se puderem fazê-lo de livre vontade.”

Ou seja, além de permitir uma solução mais versátil e efetiva, a Comunicação Não Verbal cumpre seu papel ao colocar um pedido, que pode ser delicado, de maneira amistosa e pacífica.

Exemplos de Comunicação Não Violenta

Os 4 pilares da Comunicação Não Violenta servem como uma estrutura que apoia e norteia o processo de comunicação. Com isso, podem ser aplicados em diversos contextos. Veja um exemplo de como a CNV pode ser utilizada no ambiente de trabalho.

“Fulano, muitas vezes você me critica exageradamente quando vai cobrar algo que ainda não está pronto (observação). Isso me deixa não só triste, como me sentindo injustiçado (sentimento), uma vez que cumpro minha função, mas não depende só de mim.”

“Preciso notar que estou sendo apoiado e devidamente compreendido pelos meus colegas (necessidades). Poderia me cobrar do que for minha responsabilidade de maneira mais simples e objetiva (pedido)?

Importância das práticas da Comunicação Não Violenta no trabalho

É necessário ver a CNV como a ferramenta que pode ser utilizada para o esclarecimento de informações que, nos casos mais tradicionais, são processos mais rígidos ou até agressivos.

Muitas vezes vemos setores diretamente dependentes, como, por exemplo, departamentos de marketing e vendas, não se dando tão bem como deveriam profissionalmente. Problemas dessa natureza podem evoluir para o contexto pessoal e atrapalhar o processo como um todo.

De um lado, os profissionais do marketing poderiam reclamar que os bons clientes levantados não estão sendo convertidos, enquanto os vendedores não concordam com os clientes em questão tenham realmente bom potencial para concluírem a venda.

Nesse cenário, a Comunicação Não Violenta serviria para esclarecer as diferenças dos conceitos que ambas as partes têm do cliente ideal. Simultaneamente, a comunicação positiva vinda dos dois lados auxiliaria também na resolução dos problemas anteriores, abrindo caminho para que as falhas de comunicação também sejam diminuídas no futuro.

CNV como ferramenta de defesa da mulher no trabalho

Vale destacar também que a CNV pode ser também utilizada contra diversos tipos de violências sofridas no ambiente de trabalho, sobretudo no caso das mulheres.

Estudos do Instituto Patrícia Galvão apontam que 76% das mulheres já sofreram algum tipo de abuso enquanto trabalhavam, sendo muitos dos cenários descritos baseados em problemas de comunicação. Vale ressaltar também que a agressão verbal é enquadrada como motivo para justa causa na CLT, no artigo 482, incisos “j” e “k”.

Agora que você tem mais uma ferramenta para entender e ser entendido no âmbito pessoal e de trabalho. Siga conferindo os conteúdos do blog Serasa Experian para se aprimorar ainda mais em conceitos importantes das soft skills, habilidades que tem tudo a ver com Comunicação Não Verbal.

Esperamos que tenha aproveitado este conteúdo e o esperamos novamente aqui no blog da Serasa Experian. Até mais!