O agronegócio está vivendo um período de reprecificação de risco climático e de aceleração tecnológica. Quem concede crédito rural consegue perceber isso na análise de garantias, no enquadramento ESG e na pressão por dados rastreáveis. Em 2024, o Brasil apresentou sua nova NDC durante a COP29, em Baku, com a ambição de reduzir entre 59% e 67% as emissões líquidas até 2035 ao tomar 2005 como base.
Ou seja, o país levou a meta para um patamar que pode aproximar a economia da neutralidade em 2050, caso a execução mantenha consistência setorial. Para os profissionais de crédito, governança e ESG em agro, acompanhar o progresso no combate às alterações climáticas virou fator de elegibilidade.
A COP30, em Belém (10 a 21 de novembro de 2025), tenciona reunir atores públicos e privados para entregar novas métricas, novas fontes e novos instrumentos financeiros. Inclusive, as buscas no Brasil sobre a COP30 cresceram 440% em agosto, um sinal de que reguladores, empresas e a sociedade já observam os impactos do que será decidido. Se interessou pelo assunto? Então, confira a seguir:
Neste conteúdo você vai ler (Clique no conteúdo para seguir)
O que significa o progresso no combate às alterações climáticas?
O Brasil lidera a preparação com a Troika (COP28, COP29 e COP30) e organiza uma agenda para conectar a negociação multilateral com a implementação doméstica — energia, uso da terra e finanças. Inclusive, o Ministério do Meio Ambiente destaca que a conferência serve para acelerar rotas de neutralidade, com ênfase em soluções de restauração, biocombustíveis e integração de políticas públicas.
Para credores do agro, esse movimento redefine parâmetros de risco e elegibilidade de projetos que dependem de dados auditáveis de emissões e uso do solo. Com todo o movimento da COP, o progresso no combate às alterações climáticas ganhou ainda mais força depois da NCQG (Nova Meta Quantificada Coletiva).
O Brasil apresentou um plano para viabilizar até US$ 1,3 trilhão por ano em financiamento climático para países em desenvolvimento até 2035 — com foco em instrumentos não baseados em dívida, simplificação de acesso e regras mais claras de transparência.
Por que a agenda paralela da COP30 importa?
O progresso no combate às alterações climáticas se constrói aos poucos e a preparação para a COP30 começa com encontros com FMI, G20, UNFCCC e o Green Climate Fund para fechar o gap entre decisão política e execução financeira. Essa rota inclui debates sobre transparência, acesso a fundos, mecanismos de carbono e alternativas que aliviam o endividamento. Confira os eventos que acontecerão entre abril e outubro de 2025:
· Reuniões de Primavera do FMI e Banco Mundial (abril);
· Fórum de Finanças Climáticas e de Natureza (27–29 de maio);
· 62ª sessão dos Órgãos Subsidiários da UNFCCC (16–26 de junho, em Bonn);
· Reuniões do Green Climate Fund (junho e outubro);
· Ministeriais de energia e clima do G20 (agosto e outubro);
· Pré-COP (13–14 de outubro);
· Heads of State Summit (6–7 de novembro).
Se interessou pelo assunto? Então, confira o vídeo abaixo e entenda por que a COP 30 vai agitar o agronegócio brasileiro em 2025:
Quais temas têm avançado nas discussões multilaterais?
As negociações evoluem nos instrumentos capazes de aumentar os recursos públicos e privados para mitigação e adaptação no campo. O roteiro brasileiro salienta subsídios e instrumentos não lastreados em dívida, além de portas de entrada mais simples para países e setores vulneráveis. Para cooperativas e produtoras de porte menor, a engenharia financeira é uma porta de entrada para equalização de taxas, blends e garantias que barateiam o custo do capital.
De forma correspondente, fóruns como G20 e reuniões no âmbito do FMI servem para discutir diretrizes para internalizar o preço de carbono nas transações e padronizar o reporte de emissões. Ou seja, isso tende a virar requisito de crédito e de seguro, com efeito direto nas políticas de salvaguardas socioambientais e nos modelos de rating setoriais.
Green Bonds (títulos verdes) e seguros agrícolas climáticos direcionados para atitudes sustentáveis são mais preferíveis quando existe sinalização regulatória e pipeline qualificado. O acento na inovação aparece nos "desafios de tecnologia" da COP30, o que inclui trilhas de IA para ação climática, infraestrutura pública digital e soluções de MRV (mensuração, reporte e verificação) que reduzem a assimetria de informação para crédito.
O que esse progresso significa para o agro e seus financiadores?
As pessoas credoras captam mais exigência por transparência climática, por métricas ESG objetivas e por planos de mitigação e adaptação em operações de crédito rural. Emissões, uso da terra e conformidade socioambiental deixam de ser documentos anexos e entram no core da análise — com georreferenciamento, séries históricas de clima e indicadores de risco físico integrados à política de crédito.
Com a NCQG e instrumentos como o Fundo de Perdas e Danos em avanço, bancos, cooperativas financeiras e seguradoras podem elaborar produtos mais acessíveis para regiões vulneráveis. Segundo a WRI, a meta de US$ 300 bilhões do NCQG é o maior compromisso financeiro climático já assumido pelos países e representa um importante pagamento inicial para a ação climática.
Alcançá-la será um marco extremamente importante e tende a aumentar a procura por soluções financeiras inovadoras, como linhas de recomposição produtiva pós-evento extremo e seguros paramétricos com dados de satélite.
Cadeias que adotam rastreabilidade territorial, redução de emissões e agricultura regenerativa aumentam o acesso a capital, inclusive via títulos temáticos. A agenda de inovação da COP30 discute muito soluções de IA, sensoriamento remoto e DPI (Infraestrutura Pública Digital) para destravar MRV de baixo custo, integração de dados e verificação quase em tempo real.
Como acompanhar o progresso climático até a COP30?
Para saber o que de fato influencia o crédito até a COP30, acompanhe o pré-evento em três fases. Neles se concentram decisões que afetam critérios, custos e a oferta de recursos para o agro! Confira:
· Agenda oficial: pré-COP (13–14 de outubro), Heads of State Summit (6–7 de novembro) e COP30 (10–21 de novembro, em Belém) — momentos em que prioridades são definidas e compromissos ganham forma;
· Financiadores multilaterais: reuniões do Green Climate Fund (junho e outubro) e fóruns do FMI/Banco Mundial — espaços que desenham regras de acesso, janelas de financiamento e mecanismos de transparência;
· Sinais do G20 em clima e energia (encontros de agosto e outubro): diretrizes que influenciam a precificação de carbono, exigências de reporte e critérios de elegibilidade para crédito e seguro.
Para se informar com mais detalhes, priorize a UNFCCC, Green Climate Fund, FMI e Itamaraty/MMA. Esses eventos ajudam a antecipar mudanças metodológicas (ex.: novas regras de reporte de emissões) e oportunidades de funding (ex.: linhas com componente de subvenção).
A participação social em Belém avançará com pavilhões e painéis temáticos, um espaço fértil para identificar tendências, potenciais parceiras e tecnologias aplicadas ao agro! Gostou do nosso conteúdo? Se sim, continue em nosso blog e confira outros conteúdos similares e se prepare para a COP 30 em Belém! Até a próxima.