Para qualquer empreendedor, poucas palavras causam tanto medo quanto “falência”. E esse receio tem fundamento: segundo dados do Sebrae, quase 1 em cada 4 micro e pequenas empresas fecha as portas antes de completar dois anos. Se olharmos para um período maior, de quatro anos, esse número salta para metade dos negócios.
Mas afinal, por que tantas empresas não conseguem sobreviver? Quais erros estão por trás desse cenário? A verdade é que não existe um único motivo — são várias decisões equivocadas que, somadas, podem levar um negócio ao colapso antes mesmo de gerar lucro.
Neste artigo, vamos explicar os principais fatores que levam uma empresa à falência e, mais importante, o que você pode fazer para evitar que isso aconteça com o seu negócio. Leia com atenção e veja se alguma dessas situações faz sentido para a sua realidade.
Neste conteúdo você vai ler (Clique no conteúdo para seguir)
- O que significa ir à falência?
- Exemplos práticos de falência
- Confira as principais causas
- Não analisar o mercado e os concorrentes
- Não ter conhecimento do mercado de atuação
- Negligenciar o planejamento estratégico
- Ignorar problemas e relatos dos clientes
- Não fazer o investimento necessário
- Deixar de acompanhar as finanças
- Não fazer a precificação adequada dos produtos e serviços
- Deixar escapar colaboradores talentosos
- Não investir na inovação
- Saiba como evitar a falência
- Reduza custos desnecessários
- Reforce a visibilidade das operações
- Tenha cuidado com o crédito oferecido por bancos
- Previna fraudes e a inadimplência
O que significa ir à falência?
Quando ouvimos falar em “falência”, a primeira imagem que vem à mente é a de uma empresa fechando as portas por falta de dinheiro. Essa ideia não está totalmente errada, mas o conceito é mais amplo e técnico do que parece.
Na prática, falência é um processo jurídico. Isso significa que não é apenas “quebrar” financeiramente, mas sim uma situação formal, declarada por um juiz, na qual todo o patrimônio do empresário ou da empresa é reunido e vendido para pagar dívidas. Esse pagamento segue uma ordem definida por lei, priorizando alguns credores.
Por que isso acontece? Quando a empresa não consegue mais cumprir suas obrigações financeiras e o patrimônio não é suficiente para quitar as dívidas, os credores podem pedir a falência judicialmente. A partir daí, inicia-se um processo de liquidação dos bens para tentar cobrir o que deve.
Em resumo: falência é quando a empresa não tem condições de pagar suas dívidas e precisa passar por um processo legal para encerrar suas atividades e pagar credores.
Exemplos práticos de falência
- Restaurante sem controle de custos: Um restaurante que investe pesado em decoração e cardápio sofisticado, mas não calcula corretamente os preços e margens. Em poucos meses, acumula dívidas com fornecedores e aluguel, sem gerar lucro suficiente para cobrir os gastos.
- Loja que depende de um único cliente: Uma loja de roupas que vende quase exclusivamente para um grande varejista. Quando esse cliente cancela os pedidos, a loja perde a maior parte do faturamento e não consegue pagar empréstimos feitos para manter estoque.
- Empresa que cresce rápido demais: Uma startup que recebe investimento e expande para várias cidades sem planejamento financeiro. Os custos fixos explodem, as receitas não acompanham e, em pouco tempo, a empresa não consegue honrar compromissos com funcionários e fornecedores.
Confira as principais causas
A falência geralmente está ligada a problemas financeiros graves dentro da empresa. Na maioria dos casos, ela acontece depois de atrasos prolongados no pagamento de dívidas, salários, fornecedores e outras obrigações.
Mas atenção: não é um único erro que leva uma empresa à falência, e sim um conjunto de decisões equivocadas que se acumulam ao longo do tempo, até o ponto em que o negócio não consegue mais se manter nem se reestruturar.
Por isso, conhecer as causas mais comuns é essencial para se prevenir. A seguir, vamos apresentar os principais motivos que levam empresas a fechar as portas — e como você pode evitar cada um deles.
Não analisar o mercado e os concorrentes
A análise das tendências atuais e do que os concorrentes estão fazendo deve ser um processo contínuo em sua empresa, caso você não queira ficar para trás nesse mercado cada vez mais acirrado.
Não dá para apenas confiar cegamente no produto ou serviço que se oferece: é preciso entender se o seu público está preparado para consumir o que a sua empresa está propondo.
Um dos grandes erros cometidos pelos empresários que acabaram fechando as portas antes do tempo foi criar soluções para algo que ninguém estava procurando — e não trabalhar para criar essa necessidade no mercado.
O primeiro passo, então, para uma análise de mercado eficiente, é perceber se a sua empresa realmente vai resolver o problema das pessoas que seu negócio deseja atingir.
Não ter conhecimento do mercado de atuação
Mais do que uma análise geral do mercado, é preciso ter conhecimento profundo do segmento em que se deseja atuar. O estudo do mercado onde o seu negócio está inserido é fundamental para o sucesso do seu empreendimento, incluindo localização, público, concorrência, entre outros.
Essa ação está diretamente ligada ao tópico anterior e deve ser realizada constantemente. O ideal é que seja inserida no seu planejamento estratégico, ajudando a definir o seu posicionamento de marca e a identificação de novos mercados, por exemplo.
Negligenciar o planejamento estratégico
Por falar em planejamento estratégico, ir à falência nos primeiros anos de funcionamento de uma empresa pode ter relação direta com a falta de um estudo das variáveis que influenciam o seu negócio, tanto no ambiente externo quanto no interno.
É preciso entender as forças e fraquezas da sua empresa, além de definir objetivos, metas, missão, visão e valores.
O planejamento estratégico deve ser visto como o ponto de partida na abertura de um negócio. Se você ainda não elaborou o seu, é tempo de reunir a equipe e definir de forma eficaz os objetivos a serem alcançados e as formas de diferenciar a sua empresa da concorrência.
Ignorar problemas e relatos dos clientes
Um dos principais problemas que levam uma empresa ao fracasso é a falta de conhecimento do seu público. Estudo divulgado pela Revista Exame apontou que 14% das startups que foram à falência simplesmente ignoraram os desejos, as necessidades e as dores dos clientes. O que isso significa?
O empreendedor pode achar que está no caminho certo, desenvolvendo os melhores produtos. Mas se demorar muito para colher o feedback dos seus clientes, analisando profundamente as respostas e corrigindo os rumos, quando necessário, não conseguirá seguir adiante por muito tempo. É preciso olhar além do próprio umbigo para conquistar o consumidor.
Não fazer o investimento necessário
Não saber como investir o capital leva a prejuízos e acaba descapitalizando a empresa, que sofre, consequentemente, com a incapacidade de se manter no mercado.
Neste tópico entra, inclusive, a falta de investimento adequado na comunicação e no marketing. Isso porque ela leva ao desconhecimento do seu público-alvo, fazendo com que não se consiga atrair a atenção das pessoas para transformá-las em clientes.
Deixar de acompanhar as finanças
Muitas empresas demoram a perceber a importância de realizar uma gestão financeira eficiente dos seus negócios para que eles consigam seguir em frente.
Muitas vezes, em especial nos primeiros anos de vida do empreendimento, acabam misturando as finanças pessoais com as da empresa. Outro erro é não elaborar um fluxo de caixa e desconhecer seus números reais de lucratividade, rentabilidade e liquidez.
Dessa forma, o empresário torna-se incapaz de tomar decisões embasadas e estratégicas para o negócio. Ir à falência torna-se um processo natural para as empresas que deixam de dar a atenção adequada às suas finanças.
Não fazer a precificação adequada dos produtos e serviços
Há uma série de fatores que devem ser levados em consideração no momento em que se faz a precificação de produtos ou serviços em uma empresa. Uma análise do mercado e da concorrência é fundamental nesse processo, pois o valor da sua marca está diretamente relacionado ao preço que ela cobra.
Assim, custo de produção, hora trabalhada, percepção dos clientes em relação aos valores e a prática da concorrência devem entrar em seus cálculos para determinar a sua precificação.
Empresários que não dão atenção a esses fatores podem acabar sofrendo com pouca sobra para fazer investimentos estratégicos, em especial na atração de novos clientes e na inovação.
Deixar escapar colaboradores talentosos
Retenção de talentos: você já deve ter ouvido falar nesse assunto e ele não pode ser negligenciado em seu negócio. Ter os melhores profissionais do seu segmento é um dos caminhos mais certeiros para o sucesso da sua empresa, pois são eles os responsáveis por manter os fluxos funcionando para que as metas e objetivos sejam alcançados.
Deixar que eles sejam conquistados pela concorrência só trará resultados negativos para o seu empreendimento. É preciso, portanto, investir em processos seletivos eficientes e em ações que ofereçam recompensas pelos trabalhos realizados, a fim de fazer com que sua empresa seja a primeira opção dos colaboradores, mantendo-os comprometidos com o negócio.
Não investir na inovação
O investimento em inovação é necessário em todos os negócios, mas nos micro e pequenos é crucial para a sobrevivência no mercado. É preciso que o empreendedor entenda que a tecnologia é capaz de promover redução de custos e resolução de problemas de forma mais eficiente, escalável e sustentável para a sua empresa.
Ao deixar de inovar, a empresa termina atrás da concorrência, perde clientes, seus melhores funcionários e, até mesmo, fornecedores. Portanto, é necessário estudar e implementar tecnologias que facilitem os processos em seu negócio para prosperar.
Saiba como evitar a falência
Agora que já entendemos alguns dos principais fatores que podem levar um negócio à falência, é hora de abordamos as medidas que podem ser adotadas por empresários, gestores e líderes para evitar chegar a essa prejudicial situação.
A seguir, reunimos algumas boas práticas que podem fortalecer as operações da sua empresa, mantendo-a mais sólida, organizada e distante da insolvência. Continue a leitura e confira!
Reduza custos desnecessários
Uma das características compartilhadas por muitas empresas que estão enfrentando o problema da falência é a atuação no vermelho. A saídas de capital em um patamar superior às entradas, com o passar do tempo, torna as atividades inviáveis, levando o negócio à total insolvência.
Alguns dos caminhos para se evitar chegar a esse ponto é aumentar a entrada de recursos, isto é, reforçar as vendas, ou a reduzir os custos operacionais do negócio. Como aumentar as vendas não é algo tão simples e ágil, a saída mais rápida é minimizar os custos.
Aqui, no entanto, nos referimos aos custos desnecessários, pouco estratégicos e que, por hora, podem ser eliminados. Nesse sentido, é preciso que o empreendedor avalie bem as contas da empresa e identifique quais são as atividades que podem sofrer cortes sem comprometer as atividades, iniciando a redução por elas.
Reforce a visibilidade das operações
Desenvolver uma gestão financeira eficiente é uma das maneiras mais eficazes de se reduzir os riscos de falência da empresa. Com uma gestão transparente, organizada e produtiva, dificilmente os gestores e líderes terão dificuldade em entender a real situação da empresa e tomarão decisões de forma equivocada.
Por esses e outros motivos, qualificar a gestão financeira da empresa é um passo importante. Entre as medidas que podem ser adotadas, destacamos os investimentos em automação, a exemplos softwares de gestão, que reforçam significativamente o controle sobre as operações do negócio, documentando de forma eficiente cada ativo, passivo, entrada, saída, custo e venda dentro da empresa.
Especialmente no contexto dos pequenos negócios, o auxílio da tecnologia é ainda mais relevante, pois nesse formato empresarial ainda é comum a adoção de expedientes manuais. Além disso, as equipes costumam ser reduzidas e nem sempre detém o conhecimento necessário para gerir as finanças da forma como se deve.
Tenha cuidado com o crédito oferecido por bancos
Se a empresa está com a saúde financeira comprometida, é muito importante que a tomada de decisão que de alguma forma envolva esse quesito seja muito bem executada. Nesse contexto, por exemplo, é comum a contratação de linhas de crédito emergenciais junto a instituições financeiras.
Entretanto, esse tipo de medida pode esconder uma série de riscos. Caso os devidos estudos não sejam feitos, a empresa pode assumir mais uma dívida e não conseguir arcar com os pagamentos, o que ocasionará a incidência de altos juros e multas, prejudicando ainda mais o seu quadro financeiro.
Então, a recomendação é ter bastante cuidado com o crédito oferecido pelo mercado. A contratação deve ser bem estudada, a fim de que decisões equivocadas não sejam tomadas e sacrifiquem a empresa.
Previna fraudes e a inadimplência
Sobretudo na fase inicial de uma empresa, quando os riscos financeiros são ainda maiores, é muito importante adotar algumas medidas de prevenção contra fraudes e inadimplência. Na prática, vender e não receber do cliente pode implicar sérios danos ao caixa do negócio, inviabilizando pagamentos e agravando dívidas que eventualmente existam.
Esse cenário é um potencial causador da falência. Por isso, é fundamental otimizar os processos de venda da empresa, negociando sempre de forma estratégica e segura com o cliente.
Para se ter uma ideia dos riscos, em agosto de 2025 o Mapa de inadimplência e renegociação de dívidas no Brasil da Serasa. mostrou que 78,8 milhões de Brasileiros estão endividados — uma grande parcela da população. Com tantos consumidores com problemas financeiros, as empresas precisam se prevenir.
Para isso, investir em ferramentas de análise de crédito, avaliando com mais rigor o perfil financeiro do cliente, seu histórico no mercado e o status do seu CPF, por exemplo, pode minimizar os riscos de inadimplência e de prejuízos ao caixa do negócio.
Por fim, micro e pequenos empresários, muitas vezes, abrem o seu negócio sem ter um conhecimento aprofundado sobre administração, finanças, marketing, nível de competitividade do mercado e diversos outros assuntos fundamentais para que a empresa consiga seguir em frente e fugir da possibilidade de ir à falência.
Agora você já compreende melhor os motivos que podem fazer uma empresa ir à falência e, mais do que isso, sabe como agir para evitar esse quadro. Então, é hora de aplicar esses conhecimentos e atuar de forma mais estratégica e sólida no mercado! Então, gostou deste conteúdo?
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