Quando há o debate sobre concessão de crédito para grandes empresas, entender o que é PEP evita decisões às cegas. PEP significa Pessoa Exposta Politicamente: alguém que ocupa ou ocupou cargo público relevante, assim como seus familiares e pessoas próximas. Trata-se de uma informação de risco que muda o nível de diligência. No Brasil, o cadastro oficial reúne mais de 90 mil registros, o que indica a necessidade de método, dados e automação.
O PEP é rótulo regulatório que altera a análise de risco, pede diligência ampliada e exige trilhas de auditoria sem falhas. Ou seja, é um assunto ligado diretamente ao PLD/FTP (Prevenção à Lavagem de Dinheiro e ao Financiamento do Terrorismo), KYC (Know Your Customer - Conheça Seu Cliente), LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados) e governança, e que, quando bem tratado, reduz ruído operacional e protege a reputação da sua organização.
Neste post, vamos percorrer os critérios de classificação, conectar o risco PEP à esteira de crédito corporativa, discutir impactos em compliance, explicar o papel da automação e mostrar como estruturamos isso na plataforma Credit as a Service da Serasa Experian. Se interessou pelo assunto? Então, confira abaixo:
Neste conteúdo você vai ler (Clique no conteúdo para seguir)
- O que é PEP e quais são os critérios para essa classificação?
- Por que a análise de PEPs é importante para operações de crédito e recebíveis?
- Como o risco PEP afeta a esteira de crédito corporativa
- O papel dos dados e da automação na análise de PEPs
- Por que PEPs entraram na agenda de governança?
- Como sua empresa pode estruturar uma análise de crédito considerando PEPs?
O que é PEP e quais são os critérios para essa classificação?
PEP são pessoas que exercem ou exerceram função pública de alta relevância, no Executivo, Legislativo ou Judiciário, além de cargos estratégicos em estatais e organismos internacionais. A definição regulatória considera ainda familiares até o segundo grau e estreitos colaboradores.
Esse enquadramento permanece por cinco anos após o término do cargo e deve ser verificado no onboarding e ao longo do relacionamento do acordo. A Circular 3.978 do Banco Central detalha esses pontos nos artigos 19 e 27, inclusive o conceito de familiar e de estreito colaborador, a classificação de perfis de risco e a necessidade de avaliação por nível hierárquico superior.
No COAF (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), a Resolução nº 40, que substituiu a Resolução nº 29, estabelece procedimentos para acompanhar operações que envolvam PEPs e orienta o uso de bases oficiais, como o Portal da Transparência da CGU (Controladoria-Geral da União), durante o processo de qualificação. Ou seja, a identificação do status PEP não é opinião, é uma norma — e precisa estar embutida no seu fluxo de KYC, com evidências acessíveis para auditoria.
Por que a análise de PEPs é importante para operações de crédito e recebíveis?
O status de PEP não proíbe a concessão de crédito, porém o nível de risco regulatório, reputacional e operacional é aumentado. Inclusive, há maior probabilidade estatística de exposição à corrupção, lavagem de dinheiro, conflito de interesses e uso indevido de influência. Por isso, reguladores pedem diligência reforçada, monitoramento contínuo e registro claro das decisões.
Circular 3.978 é explícita: clientes PEPs devem passar por avaliação de interesse conduzida por nível hierárquico superior ao que autoriza o relacionamento, com classificação de risco compatível e controles internos aderentes.
No crédito corporativo — crédito fumaça, antecipação de recebíveis, financiamento de vendas, risco sacado — a presença de PEPs deve ter atenção redobrada à origem dos recursos, à coerência cadastral e a alertas de mídia negativa.
É importante reforçar que esse cuidado não limita negócios; ele organiza decisões e reduz a chance de bloqueios reativos por auditorias internas ou externas. Ao final, o mais adequado a se fazer é transformar um risco em regras parametrizadas e verificáveis.
Como o risco PEP afeta a esteira de crédito corporativa
Quando identificamos uma PEP entre sócios, administradores, representantes ou beneficiários finais, a esteira deve incluir etapas adicionais de validação documental, checagem em bases oficiais e privadas, enriquecimento de dados e, quando aplicável, revisão manual. Isso pode ajustar limites, apetite de risco, prazos, garantias e a própria priorização da análise, sempre amarrado a critérios objetivos.
Na nossa plataforma CaaS, configuramos regras automáticas que reconhecem o status PEP já no onboarding, propagam a sinalização para a análise de crédito e antifraude, além de acender rotas de revisão por alçada quando as políticas internas pedem supervisão adicional.
Essa inteligência mantém a esteira fluida e sem comprometer o controle: se o perfil for de alto risco, o serviço sinaliza e abre opção para diligência ampliada; se a exposição for indireta e mitigar riscos for suficiente, a esteira segue com salvaguardas previstas.
O papel dos dados e da automação na análise de PEPs
Identificar uma PEP é só a primeira etapa. O que sustenta a governança é o processo auditável, com dados confiáveis, regras transparentes e logs íntegros. Aqui, trabalhamos com bases públicas oficiais — como o cadastro de PEPs do Portal da Transparência da CGU, atualizado periodicamente — e com dados proprietários para qualificação e monitoramento recorrente.
Na plataforma CaaS, o status PEP vira sinal de política dentro da esteira MOVA: o motor de decisão pode acionar alertas, travas ou ajustes de alçada, enquanto registra todos os eventos para auditoria, com aderência a PLD/FTP e LGPD.
Além disso, nós temos a Lista PEP com campos críticos de identificação e histórico de nomeação, que ajuda o compliance empresarial na conferência fina e no pareamento de identidades, e isso aumenta segurança jurídica e reduz retrabalho operacional.
Por que PEPs entraram na agenda de governança?
Conselhos e comitês de auditoria observam o tema PEP como parte do "G" de ESG (Environmental, Social and Governance – Ambiental, Social e Governança). Relacionamentos com PEPs precisam de contexto sobre integridade, transparência e exposição à mídia negativa.
Uma operação de crédito que envolve uma PEP sem grande diligência tende a elevar o ruído reputacional e o custo de explicação para stakeholders, principalmente em mercados regulados e com presença internacional.
Incorporar essa lente no dossiê de crédito protege marca e valuation (valor econômico de uma empresa, ativo ou investimento) na mesma medida em que reduz risco de sanções.
Como sua empresa pode estruturar uma análise de crédito considerando PEPs?
Comece pelo básico: dados atualizados e integrações confiáveis. O KYC precisa coletar, validar e cruzar informações de identidade com bases oficiais de PEP, incluir declaração de pessoa politicamente exposta e comprovação de vínculos, além de capturar indicadores para o motor de decisão. Nos termos da Circular 3.978, a condição de PEP deve pesar na classificação de risco e na avaliação por nível hierárquico superior, com registro formal da decisão.
Depois, entra a camada reputacional: monitoramos mídia negativa, listas de sanções, processos e sinais de alerta setoriais. Para alguns casos, um comitê de crédito define salvaguardas adicionais, como revisão periódica de limites, comprovação reforçada de origem de recursos ou exigência de coobrigação.
Também é importante lembrar que haverá situações em que a presença de PEP não barrará a concessão, como quando a exposição é indireta e o dossiê demonstra coerência patrimonial, ausência de alertas e histórico consistente.
E haverá, por outro lado, momentos de não avanço, por exemplo, quando a qualificação de risco, os achados reputacionais e a política interna convergem para recusa documentada. Para ajudar sua equipe a consolidar esse desenho, recomendamos incluir na sua esteira CaaS:
· Onboarding com enriquecimento de dados e checagem PEP em tempo real;
· Motor de decisão com regras de alçada e trilhas de auditoria específicas para PEP;
· Monitoramento contínuo durante todo o relacionamento, que respeita o período de cinco anos pós-cargo;
· Relatórios executivos para comitês e auditoria, com métricas de efetividade das regras.
Gostou do nosso conteúdo? Então, continue navegando pelo nosso blog para descobrir outros conteúdos imperdíveis sobre o assunto e levar a sua empresa ao sucesso. Confira agora nosso post sobre Pix Parcelado para empresas! Até a próxima.