No ano passado, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP29) se encerrou com um acordo que redefine o financiamento climático global para os próximos anos. Pela primeira vez, países assumiram o compromisso de aumentar o volume de recursos destinados a apoiar economias em desenvolvimento na transição para um modelo de baixo carbono.
De acordo com o Governo Federal, o objetivo acordado é mobilizar US$ 1,3 trilhão por ano até 2035, a partir de fontes públicas e privadas, de forma a proteger vidas e economias dos efeitos de eventos climáticos extremos e, ao mesmo tempo, compartilhar os benefícios do avanço da energia limpa com profissionais do segmento.
Para o agronegócio, a expectativa é de inovação no financiamento, pois o objetivo é viabilizar mecanismos de proteção contra riscos climáticos, como seguros agrícolas mais sofisticados e instrumentos financeiros voltados ao investimento em sustentabilidade, como os títulos verdes (green bonds).
O Brasil, por exemplo, levou à COP uma proposta que expande o crédito internacional e cria fundos que não geram dívidas, além de mecanismos de facilitação para países vulneráveis e instrumentos financeiros que incentivam práticas sustentáveis. Se interessou pelo assunto? Então, confira o conteúdo a seguir!
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- O que é a Nova Meta Quantificada Coletiva (NCQG)?
- 1. Plano Clima
- 2. Plano de Transformação Ecológica
- Como o agro e financiadores apoiam a ascensão do financiamento climático?
- A nova meta de financiamento climático é suficiente?
- Conte com a Serasa Experian para mitigar riscos socioambientais!
O que é a Nova Meta Quantificada Coletiva (NCQG)?
A NCQG é a nova referência global para o financiamento climático, estabelecida como parte do Acordo de Paris. No caso do Brasil, ela está conectada à sua Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC), que prevê cortar entre 59% e 67% das emissões líquidas de gases de efeito estufa até 2035, em relação aos níveis de 2005. Em outros termos, isso significa reduzir as emissões para algo entre 850 milhões e 1,05 bilhão de toneladas de CO₂ equivalente em 2035.
Essa meta é transversal: acolhe todos os setores da economia e os incentiva a apoiar o compromisso global de limitar o aquecimento médio a 1,5 °C em comparação com os níveis pré-industriais. O caminho prospectado está alinhado ao Balanço Global da COP28, realizado em Dubai, e pavimenta a transição brasileira para a neutralidade climática até 2050.
Esse é um compromisso ambiental e uma estratégia de desenvolvimento, apoiada em planos estruturantes como o Plano Clima e o Plano de Transformação Ecológica, que pretendem reorientar investimentos, crédito e inovação em direção a práticas mais sustentáveis.
O objetivo principal da NCQG é se tornar um porta-voz para alavancar a economia nacional de baixo carbono em bases mais resilientes e competitivas. O Brasil já vinha aumentando sua ambição em relação à redução de emissões desde a primeira NDC, porém, agora, aumenta esse compromisso em até 29% em relação à meta de 2030. Confira com mais detalhes os dois planos de apoio:
1. Plano Clima
A principal rota de implementação da nova NDC está no Plano Clima, que servirá como guia até 2035. Esse plano se estrutura em dois grandes eixos: mitigação — que trata da redução das emissões — e adaptação — que aborda os impactos já em curso. Serão sete planos setoriais de mitigação e 16 de adaptação que cobrem desde transporte e energia até agricultura e florestas.
No campo econômico, o Plano Clima aposta em instrumentos capazes de mobilizar capital privado e público em escala. Entre eles, estão o Fundo Clima, os Títulos Soberanos Sustentáveis, o programa Eco Invest Brasil, a Taxonomia Sustentável Brasileira e o Fundo Florestas Tropicais para Sempre.
Para o agronegócio, isso significa novas oportunidades de financiamento com foco em práticas de baixo carbono, acesso a tipos de crédito rural mais atrativos e expansão de alternativas como títulos verdes vinculados a cadeias agrícolas.
Esses mecanismos não apenas diversificam as fontes de financiamento, como também criam condições para que produtores, cooperativas e empresas do setor agroindustrial invistam em inovação e resiliência climática. Isso coloca o crédito rural em um novo patamar, cada vez mais associado a indicadores ESG, ao monitoramento agrícola digital e ao uso de seguros paramétricos como ferramentas de proteção diante de eventos climáticos extremos.
2. Plano de Transformação Ecológica
O Plano de Transformação Ecológica, coordenado pelo Ministério da Fazenda, é uma estratégia nacional para "organizar" o desenvolvimento econômico e a transição climática.
Um dos objetivos do plano é o estímulo a áreas nas quais o país já possui vantagens, como energia renovável, bioeconomia e agricultura sustentável (ESG). O plano também prioriza atividades de maior complexidade tecnológica e valor agregado, que favorecem a neoindustrialização e o fortalecimento de cadeias produtivas que combinam inovação, produtividade e responsabilidade ambiental.
O plano cria condições para geração de empregos de maior qualidade, com salários mais competitivos e dignos, e contribui para ampliar a presença do Brasil em mercados globais que precisam de soluções mais sustentáveis. Para viabilizar essa agenda, o programa foi estruturado em seis eixos de ação, que conectam investimentos públicos e privados em direção a uma economia mais resiliente. Confira:
Eixo |
Objetivo |
1. Finanças sustentáveis |
Mobiliza capital público e privado, em âmbito nacional e internacional, para apoiar atividades sustentáveis, investimentos em tecnologia, regeneração de biomas e adaptação aos impactos do clima. |
2. Adensamento tecnológico |
Incentiva produtividade e inovação para fortalecer setores ligados à transição ecológica e agregando mais valor a produtos e processos já consolidados no país. |
3. Bioeconomia e sistemas agroalimentares |
Estimula a modernização do agro por meio do Plano Safra, integrando práticas sustentáveis, assistência técnica e condições diferenciadas de crédito. Também fomenta agroindústria e mecanização de baixo impacto. |
4. Transição energética |
Apoia tecnologias limpas, com destaque para biocombustíveis como diesel verde, novas gerações de etanol e hidrogênio de baixa emissão de carbono para indústria, transporte e exportação. |
5. Economia circular |
Promove o uso racional de recursos, reciclagem, reúso e logística reversa, reduzindo a extração de matérias-primas e a geração de resíduos, com foco em menor pegada ambiental. |
6. Nova infraestrutura verde e adaptação |
Prevê obras voltadas à resiliência climática e à redução de riscos urbanos, como enchentes e deslizamentos. Também exige critérios socioambientais nas iniciativas do Novo PAC. |
Como o agro e financiadores apoiam a ascensão do financiamento climático?
O fortalecimento do financiamento climático previsto para 2035 precisa se apoiar em instrumentos como títulos verdes, crédito com critérios ESG e seguros paramétricos para se tornar frutífero, pois essas ferramentas direcionam recursos para práticas sustentáveis, ao mesmo tempo em que reduzem riscos financeiros diante de eventos climáticos cada vez mais frequentes.
É importante frisar que, com o seguro paramétrico, o agricultor é protegido contra ocorrências como secas ou geadas, independentemente do volume de produção perdido. Esse seguro rural também garante maior previsibilidade para os financiadores, que encontram respaldo contra inadimplência e podem ampliar linhas de crédito ao setor agro. Interessante, não é?
A nova meta de financiamento climático é suficiente?
O compromisso de US$ 300 bilhões estabelecido pelo NCQG tem o maior volume já pactuado no setor climático global e demonstra um avanço considerável. Porém, especialistas alertam que esse valor deve ser visto como um ponto de partida e não como a solução definitiva para os desafios da transição ecológica nos países, especialmente no Brasil.
De acordo com o Grupo de Peritos de Alto Nível sobre Financiamento Climático (IHLEG), os países em desenvolvimento — fora a China — precisarão mobilizar cerca de US$ 2,7 trilhões por ano até 2030 para cumprir metas ambientais. Desse total, US$ 1,4 trilhão deve vir de recursos internos e US$ 1,3 trilhão de aportes internacionais, valor que mostra de maneira mais realista a dimensão da necessidade até 2035.
Conte com a Serasa Experian para mitigar riscos socioambientais!
Nós, da Serasa Experian, oferecemos a solução Smart ESG para os credores do agro, que reúne dados atualizados diariamente em uma única plataforma para ocasionar em decisões mais ágeis e precisas. Com recursos analíticos avançados, a ferramenta configura e acompanha critérios socioambientais definidos pela própria empresa, o que fortalece o processo de conformidade. Confira mais detalhes no vídeo a seguir:
A partir do documento de um produtor rural, é possível mapear propriedades, explorar informações detalhadas e receber alertas automáticos sempre que houver alterações relevantes. Assim, a gestão se torna mais eficiente, com redução de custos, agilidade no monitoramento e mitigação de riscos socioambientais e reputacionais. Continue explorando o blog para conferir outros conteúdos como este. Até a próxima!