No meio empresarial, não há como falar de desenvolvimento interno sem levar em consideração os negócios entre duas entidades — sejam entre empresa, fornecedor, parceiro comercial e cliente. No entanto, ao mesmo tempo em que é um fator decisivo para que as organizações alavanquem e ganhem reconhecimento no mercado, também pode ser o motivo para que entrem em declínio.

Isso se dá porque essas relações são embasadas na confiança mútua de que cada parte vai arcar com suas obrigações. Se os clientes que adquirem produtos deixam de pagar e entram em inadimplência, o fluxo de caixa do credor é alterado, o balanço financeiro é impactado e o capital de giro das organizações pode sofrer alterações negativas. E apesar de ser negativo, essas situações vêm sendo recorrentes em razão do cenário econômico instável que nos encontramos.

Como forma de mitigar ou diminuir as possibilidades de que as empresas sofram com esses tipos de impacto da inadimplência, novas tendências de gestão interna e externa foram surgindo. A gestão de risco de crédito, por exemplo, é uma das ferramentas que utiliza inovações tecnológicas para afastar a insolvência que assola as negociações.

No texto de hoje, vamos explicar detalhadamente em que consiste a gestão de risco de crédito, quais são suas tendências e por qual motivo é tão importante que empresas de todos os portes e setores implementem a estratégia. Continue a leitura e aproveite!

O que é a gestão de risco de crédito?

O risco de crédito caracteriza-se pela probabilidade de uma empresa ter perdas financeiras significativas em decorrência da inadimplência do consumidor PF ou PJ com qualquer tipo de débito assumido.

Assim, a gestão de risco de crédito aparece como um método implementado pelas organizações para mitigar essas possibilidades de perda, por meio de critérios que permitem uma análise profunda de fatores que indicam as probabilidades de que a situação ocorra antes do crédito ser concedido.

Os resultados obtidos são diversos, impactando toda a estruturação da empresa para que os mesmos cenários tenham mais espaço para se desenvolver: as tomadas de decisão são mais assertivas, a carteira de clientes se torna mais rentável, penalidades são evitadas pela conformidade regulatória e a organização ganha visibilidade para que novos investidores apostem no desenvolvimento da firma.

Por que as empresas devem fazer a gestão de crédito?

Não é de hoje que cenários econômicos que envolvem crises financeiras existem. No entanto, em 2008 houve uma crise decisiva para o aumento exponencial do endividamento da população, marcada pela disseminação de crédito “subprime” pelos Estados Unidos a pessoas que simplesmente não tinham como pagar os financiamentos feitos.

Um dos principais impactos dessa má decisão dos EUA foi a falência de um dos bancos de investimentos mais tradicionais do país, o Lehman Brothers. Depois, houve diversas declarações de perdas imensuráveis de outras grandes e rentáveis instituições financeiras.

Diante da situação, tanto os Estados Unidos quanto inúmeros outros países — como o Brasil — entraram em recessão econômica, marcados pelo disparo no número de desempregados, pedidos de falência e recuperação judicial.

Os reflexos estão presentes até hoje, e por isso, órgãos reguladores começaram a exigir padrões rígidos de aprovação de crédito e transparência no planejamento das empresas para lidar com maus pagadores.

Assim, a gestão de crédito surgiu como forma de adequação às novas realidades socioeconômicas mundiais, fazendo com que as empresas reformulassem suas abordagens sobre o planejamento financeiro e de risco de crédito.

Quais as vantagens de fazer a gestão de crédito?

Com esse novo modelo associado a técnicas e ferramentas como o big data (logo abaixo explicaremos mais sobre o assunto), rating de crédito, monitoramento de clientes e scores de crédito, por exemplo, é possível que medidas preventivas e cautelares sejam tomadas, como:

  • Levantamento e verificação dos históricos financeiros, operações comerciais e recebimentos de clientes, fornecedores e parceiros de negócios, permitindo identificar possíveis situações de inadimplência e até os padrões de consumo que levam ao débito;
  • Checagem de desconformidade jurídica, irregularidades com o governo, endereço e outras informações cadastrais que possibilitam avaliar a probabilidade de diferentes resultados ou dos cenários acima ocorrerem;
  • Desenvolvimento de estratégias para mitigar ou reduzir os riscos identificados, como a implementação de controles de segurança, diversificação de investimentos, políticas de seguro, etc.;
  • Melhores tomadas de decisão, concentrando-se nas que têm os maiores riscos ou os maiores impactos potenciais, fazendo com que a organização tenha perspectiva para alocar eficientemente seus recursos e esforços.

Todas as medidas citadas acima convergem para a diminuição exponencial dos riscos de inadimplência, já que funcionam como um filtro de proteção contra os vários tipos de devedores existentes.

Além de prevenir que esses maus pagadores cheguem até os negócios e destruam o desenvolvimento econômico das empresas, uma boa gestão de crédito colabora para que bons pagadores se beneficiem com novas oportunidades de financiamento. Assim, as organizações mantêm seus padrões de qualidade e ainda colhem os frutos de fazer negócios rentáveis com perfis de consumidores ideais.

Quais são as tecnologias e tendências para a gestão de crédito?

Ao mesmo tempo em que o cenário econômico se torna cada vez mais volátil e difícil de lidar, várias ferramentas tecnológicas de otimização de processos e gestão eficientes vêm ganhando espaço.

Além de fazerem com que clientes inadimplentes deixem de integrar a carteira, elas possibilitam que os empresários aloquem seus esforços para demandas que exigem mais atenção, resultando em tomadas de decisão mais assertivas.

Dentre todos esses mecanismos, os que mais têm se destacado são o Big Data, cadastro positivo, score de crédito e monitoramento da carteira de clientes. A seguir, vamos falar sobre cada um. Fique atento!

Big Data

O Big Data funciona como um gigante banco de dados estruturados e não estruturados que não podem ser processados com softwares comuns. Apesar de ser necessário contar com um device altamente qualificado para analisá-los, ele permite que um alto volume de informações seja metrificado em tempo real.

Se essa abrangência de dados coletados sobre clientes for associado a ferramentas que monitoram e analisam padrões de comportamento baseados em fatores criteriosos como geolocalização, perfil de consumo e rating de crédito, por exemplo, é possível que as empresas segmentem seu público-alvo e segmentem suas ações apenas aos clientes rentáveis.

Assim, a gestão de risco de crédito terá muito mais efetividade ao prever potenciais clientes inadimplentes. Em ambos os casos, novas estratégias poderão ser desenvolvidas para amplificar os negócios e não sofrer consequências financeiras decorrentes de terceiros.

Cadastro Positivo

Ao contrário do Cadastro Negativo, que registra apenas dívidas não pagas, o Cadastro Positivo consiste em um banco de informações que demonstra o comportamento financeiro, formado pelo histórico de pagamentos, tanto em dia quanto em atraso, entre outros.

Essa forma de análise proporciona uma visão mais abrangente do perfil de crédito de cada cliente, pois além de servir de alerta para novas negociações, que podem ser feitas ou devem ser evitadas, ela permite uma avaliação mais justa e inclusiva para cada solicitante. Veja:

  • Com a inclusão de pagamentos feitos em dia e histórico de pagamentos, o Cadastro Positivo reconhece e valoriza os consumidores que mantêm um bom comportamento de crédito. Assim, mesmo aqueles que possuem dívidas negativas podem ser reconhecidos por sua responsabilidade financeira;
  • Normalmente, consumidores jovens ou aqueles que não utilizaram crédito anteriormente podem ser excluídos de oportunidades financeiras por falta de histórico. Aqui, o Cadastro Positivo faz com que esses consumidores sejam incluídos, desde que demonstrem consistência de pagamentos em dia;
  • Além da análise do comportamento de pagamento, que inclui dívidas não pagas ou em atraso, o Cadastro Positivo proporciona uma análise mais abrangente do perfil de crédito positivo de cada cliente, que pode compensar eventuais registros de negativações passadas;
  • Essa ferramenta também pode ajudar a identificar consumidores com potencial de crédito, que não seriam evidenciados apenas por meio do cadastro negativo. Uma pessoa que sempre pagou suas contas em dia, mas não possui um histórico extenso de crédito, por exemplo, pode ser identificada como um bom candidato para novos produtos financeiros;
  • Além de servir como uma ferramenta para avaliar o crédito dos consumidores, o Cadastro Positivo funciona também como um farol para novas negociações. Por exemplo: se um consumidor tem um histórico positivo, pode ser que exista mais disposição para assumir novos créditos ou participar de programas de fidelidade, servindo de oportunidade para o oferecimento de produtos financeiros mais adequados às suas necessidades.

Score de crédito

O score de crédito, por sua vez, é outro modelo que funciona perfeitamente em conjunto com a gestão de risco: ele indica a probabilidade de um CPF ou CNPJ se tornarem inadimplentes ou de honrarem com seus compromissos financeiros, com base em fatores de peso como:

  • Cadastro positivo com informações sobre compras a prazo, pagamento de empréstimos, financiamentos, contas de água e luz, entre outros;
  • Registros de atividades e pendências;
  • Consultas ao CPF/CNPJ;
  • Evolução financeira;
  • Renda mensal;
  • Capacidade de pagamento;
  • Dívidas em atraso;
  • Relacionamento com o mercado;
  • Situação financeira dos sócios, entre outros dados financeiros.

Todas essas informações alimentam o sistema de pontuação do score que vai de 0 a 1000. A pontuação entre 0 e 100 indica o maior risco e que a empresa analisada dificilmente quitará o compromisso. Entre 101 e 250 o grau de atenção é alto, e um crédito baixo pode ser disponibilizado, dependendo do apetite a risco.

Já com uma pontuação entre 251 e 550, o risco é intermediário, sendo possível oferecer limites moderados e prazos mais curtos. Por fim, os números entre 551 e 1000 indicam alta probabilidade do cliente honrar seus pagamentos e o credor pode ofertar crédito com melhores condições.

Monitoramento e gerenciamento de carteira PJ e PF

Juntos, o monitoramento e a gestão de carteira permitem acompanhar de perto o comportamento financeiro e comercial tanto de clientes quanto de fornecedores e parceiros de negócios, sejam pessoas físicas ou jurídicas. Normalmente, os insights são obtidos por meio de ferramentas de análise de dados que fornecem informações em tempo real sobre a saúde de cada um deles.

Assim, as empresas podem identificar precocemente sinais de possíveis problemas financeiros, como atrasos nos pagamentos, mudanças bruscas no padrão de comportamento financeiros, entre outros, permitindo que medidas proativas sejam tomadas para mitigar riscos e proteger as operações comerciais.

O monitoramento de clientes e fornecedores, por exemplo, é uma solução da Serasa Experian direcionada a pessoas jurídicas que, além de identificar padrões e analisar dados que podem significar riscos de inadimplência, também auxilia na percepção de novas oportunidades de negócio da sua carteira PJ, como:

  • Rentabilização clientes que tiveram crédito negado em uma avaliação anterior, mas melhoraram seu perfil desde a última análise;
  • Oferta de produtos alinhados à situação do consumidor, fornecedor ou parceiro, como ofertas pré-pagas para quem aumentou o risco de inadimplência e maiores prazos de pagamento para quem diminuiu;
  • Agilidade para ser o primeiro a receber de quem teve piora no perfil de risco;
  • Suspensão da prestação de serviços para quem teve alterações de dados e muito mais.

Chegamos ao final de mais um conteúdo, que mostra o impacto das tecnologias e tendências no mercado econômico. Na gestão de crédito, essas soluções estão cada vez mais voltadas ao uso de dados e análises avançadas para identificar riscos, tomar decisões mais assertivas e aproveitar oportunidades de negócio.

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Ao se associar a organizações que combinam múltiplas fontes de dados e diversas tecnologias de ponta com o intuito de oferecer soluções de inteligência analítica, como a Serasa Experian — primeira Datatech do Brasil e maior da América Latina —, temos certeza de que sua empresa pode melhorar a eficiência operacional, reduzir perdas financeiras, adquirir vantagem competitiva e impulsionar expressivamente o crescimento no mercado.

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