Algumas medidas, como controle e organização, são essenciais para manter sua vida financeira saudável e seu negócio viável.

Nenhum empreendedor ou consumidor quer ser considerado mau pagador. Mas em um cenário onde existem tantas variáveis, especialmente em momentos de crise como agora, é preciso estar muito atento. Uma pequena dívida aqui e outra ali podem se acumular e tomar proporções que fogem ao controle. Um leve resfriado pode se transformar em pneumonia e até em infecção generalizada, comprometendo a saúde financeira de consumidores ou empresas.

Números recentes mostram que esse risco tem atingido muitas companhias brasileiras. Em maio, após quatro meses de estabilidade, o número de empresas inadimplentes voltou a crescer, principalmente em razão da paralisação dos caminhoneiros. Foram registrados 5,5 milhões de CNPJs negativados, aumento de 7,8% em relação ao mesmo mês do ano anterior e de 1,9% em relação a abril deste ano.

A situação não é muito diferente para as pessoas físicas. Estudo da área de Decision Analytics da Serasa Experian indicou que, em junho de 2018, o número de consumidores inadimplentes no país era de 61,8 milhões, o maior desde o início da série, realizado em 2016. Na comparação com junho de 2017 (60,6 milhões), o índice teve aumento de 1,98%. O montante alcançado pelas dívidas em junho deste ano foi de R$ 273,4 bilhões, com média de quatro dívidas por CPF, totalizando R$ 4.426 por pessoa.

Para fugir dessa situação, alguns cuidados são essenciais na gestão empresarial e administração de vida financeira pessoal. Atenção a algumas regras básicas:

  1. Mantenha em dia o controle financeiro

Na empresa, é fundamental ter conhecimento sobre seu caixa, receitas e despesas futuras. Ter dados claros, informações apuradas, precisas e confiáveis sobre a situação de sua empresa é essencial para manter a saúde financeira e permitir a tomada de decisões com segurança. Esse controle também é essencial no orçamento doméstico. Faça planilhas para organizar entrada e saída, de forma que seus gastos não superem a receita mensal.

  1. Preste atenção ao risco de inadimplência de seus clientes

A inadimplência dos clientes pode gerar esse mesmo problema para sua empresa. Se as vendas parceladas têm grande peso em sua receita, clientes maus pagadores podem comprometer seriamente seu caixa. Para prevenir essa situação, mantenha um cadastro atualizado de clientes e capriche na análise de crédito, verificando a probabilidade de o consumidor ter histórico ruim e se tornar um inadimplente também com sua empresa.

  1. Procure manter um bom fluxo de caixa

Analise entradas e saídas, para conseguir projetar demandas e conseguir prever possibilidade de investimento para o crescimento do negócio. Se necessário, negocie prazos de pagamento de fornecedores para ter tempo de estruturar seu caixa e controlar o giro a seu favor. Pessoas físicas também precisam controlar datas de receitas e despesas, evitando entrar no cheque especial e pagar juros desnecessários, apenas por falta de organização.

  1. Evite empréstimos desnecessários

Tanto as pessoas jurídicas quanto físicas precisam ter cuidado ao recorrer ao crédito. Embora possam ser grandes aliadas em momentos de expansão da empresa ou para fazer uma aquisição necessária, por exemplo, as soluções de crédito, quando mal utilizadas, podem representar uma armadilha. É preciso planejamento para recorrer a essa opção no momento certo e quando existir entrada prevista para garantir o compromisso assumido. Pessoas físicas precisam dedicar especial atenção ao cartão de crédito e ao cheque especial, para não se emaranhar em dívidas cada vez maiores. No caso de empresas, se o empréstimo se destina a um investimento necessário e planejado, ele pode ser uma alternativa viável. Se o objetivo é cobrir despesas, pode ser sinal de má gestão financeira e complicar a situação de seu negócio.

  1. Tenha uma reserva para imprevistos

Dedique-se a manter uma reserva financeira para situações imprevistas, o que vai evitar que chegue à inadimplência ou precise recorrer a empréstimos. O ideal é tentar se planejar para ter fôlego para enfrentar períodos difíceis, muitas vezes sem nenhuma receita.

Claro que ninguém está livre de passar por dificuldades financeiras por fatores variados. Mas se a empresa adotar uma boa gestão financeira, com organização e controle, estará mais preparada para superar situações adversas e manter o negócio sustentável.