A edição de novembro do Boletim Econômico da Serasa Experian mostra que a economia brasileira continua avançando de forma desigual. Enquanto o mercado de trabalho segue sustentando a atividade e parte do setor de serviços mantém trajetória positiva, o varejo e a indústria perderam ritmo ao longo do mês. Ao mesmo tempo, o crédito cresce e a inadimplência, tanto de consumidores quanto de empresas, volta a atingir novos recordes históricos.
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Confira agora um resumo do que aconteceu em cada um dos setores analisados
- O varejo registrou queda de 1,2% em outubro, interrompendo o avanço observado em setembro e refletindo um contexto de juros elevados, menor apetite das famílias e seletividade maior na concessão de crédito. A retração foi disseminada entre praticamente todos os segmentos, com destaque para tecidos, vestuário e calçados, combustíveis e material de construção, setores especialmente sensíveis ao custo do crédito e ao ambiente econômico mais cauteloso.
- Na indústria, a produção recuou 0,4% em setembro, revertendo parte do avanço anterior. Apesar da queda, o setor continua operando acima do nível pré-pandemia e registra variação positiva em relação ao ano anterior. Os destaques ficaram para o desempenho mais fraco de bens de consumo duráveis e para os impactos negativos vindos dos setores farmacêutico, automotivo e extrativo. Bens de capital foram a única categoria a mostrar crescimento no período, ainda que de forma pontual.
- O setor de serviços manteve resultado positivo, avançando 0,6% em setembro e acumulando oito meses consecutivos de crescimento. A atividade já opera 19,5% acima do nível pré-pandemia, impulsionada principalmente pelo segmento de transportes, que registrou alta expressiva, e por outros serviços, como seguros e atividades de planos de saúde. Houve retração em serviços prestados às famílias e em serviços profissionais, mas sem alterar a tendência geral de expansão.
- O mercado de trabalho segue sendo um dos principais sustentadores da atividade econômica. A taxa de desemprego permanece em 5,6%, uma das menores da série histórica, enquanto a população ocupada continua em nível recorde, acima de 102 milhões de trabalhadores. A massa de rendimentos em patamar elevado reforça o consumo de serviços essenciais e ajuda a equilibrar parte da desaceleração observada no varejo.
- A inflação registrou alta de apenas 0,09% em outubro, menor resultado para o mês desde 1998. Em 12 meses, o índice acumula 4,68%, ainda acima do centro da meta, mas em trajetória de desaceleração. O recuo na energia elétrica — após mudança da bandeira tarifária — ajudou a conter o índice, assim como a queda em aparelhos telefônicos e seguro de veículos. Pressões pontuais vieram de vestuário e de itens de saúde e cuidados pessoais.
- No cenário cambial, o real voltou a perder força em outubro, diante da maior incerteza fiscal e da frustração de receitas previstas, ao mesmo tempo em que o ciclo de cortes de juros do Federal Reserve segue influenciando a volatilidade global. O câmbio encerrou o mês a R$ 5,38, acumulando desvalorização pontual.
- O crédito cresceu, mas acompanhado de novas altas na inadimplência. O Brasil alcançou 79,2 milhões de consumidores negativados, recorde histórico, enquanto o volume de dívidas ultrapassou R$ 496 bilhões. Entre empresas, 8,4 milhões de CNPJs estão inadimplentes, com expansão mais acentuada entre micro e pequenas empresas. A demanda por crédito avançou tanto entre consumidores quanto entre empresas, com destaque para o aumento de 16% entre pequenos negócios, impulsionado pela preparação para o último trimestre do ano e pelas necessidades de capital de giro. As concessões totais atingiram R$ 693,3 bilhões em setembro, com crescimento nas linhas corporativas e estabilidade no crédito às famílias.
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