Algodão em alta: plantio da 1ª safra no Brasil cresce 16% em 2024

Mapeamento por satélite da Serasa Experian revela detalhes sobre aumento da produção

O algodão, fibra versátil e fundamental para o agronegócio, está experimentando um período de grande expansão no Brasil. Dados recentes da Serasa Experian revelaram um aumento de 16% no plantio da primeira safra de 2024 em comparação com o ano anterior, atingindo a marca de 600,5 mil hectares.

Por meio de um estudo exclusivo que combinou imagens de satélite e ciência de dados, os especialistas da Serasa Experian identificaram um aumento no plantio de algodão de 82,2 mil hectares ao comparar as primeiras safras do período 22/23 com as de 23/24. Ou seja, de ciclo um para o outro a área de cultivo da fibra expandiu de 518,3 para 600,5 mil hectares.

Atualmente o país é considerado o maior produtor mundial, superando os Estados Unidos, de acordo com dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). A data de 7 de outubro foi estabelecida como o Dia Mundial do Algodão  pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) em 2019 como forma de conscientizar o mercado e a sociedade sobre a importância do cultivo sustentável da fibra para os países em desenvolvimento.

Mapeamento de culturas: benefícios para toda a cadeia produtiva

O mapeamento de culturas por tecnologias de geoprocessamento e imagens de satélite permite compreender a dinâmica de expansão dos cultivos, antecipar possíveis oscilações na balança comercial e mitigar riscos associados aos preços das commodities, explica Joel Risso, diretor de novos negócios agro da Serasa Experian.

Risso complementa que os estudos de monitoramento são essenciais para verificar o cumprimento de compliance socioambiental. Ao revelar a localização específica de cada plantio, a tecnologia oferece o benefício da rastreabilidade da origem, um requisito cada dia mais demandado pelos mercados locais e globais.

Um olhar para os estados produtores

Na primeira safra de 23/24, a Bahia se destacou como o principal estado produtor de algodão, com 274,6 mil hectares cultivados. As condições climáticas da região favorecem o plantio nessa época do ano. O Mato Grosso, com 217,1 mil hectares, ficou em segundo lugar. Embora a Bahia tenha liderado a primeira safra, o Mato Grosso, historicamente, é o maior produtor do país devido à sua vasta área cultivável.

Ao comparar a primeira safra de 23/24 com a de 22/23, observa-se um leve recuo de 4,2 mil hectares na Bahia, enquanto o Mato Grosso registrou um expressivo crescimento de 75 mil hectares. No entanto, outros estados como Goiás, Minas Gerais e Maranhão também têm apresentado um crescimento significativo da área plantada.

Por trás dos números: fatores que impulsionam o crescimento

Diversos fatores contribuem para esse cenário positivo. Entre eles, destacam-se:

• Tecnologia a serviço do campo: o uso de imagens de satélite para mapear as áreas de cultivo, aliado a outras tecnologias como drones e sensores, permite um monitoramento preciso da lavoura, otimizando a aplicação de insumos e aumentando a produtividade.
• Demanda crescente: a demanda global por produtos têxteis feitos com algodão continua em alta, impulsionada pelo crescimento da população mundial e pelas tendências de consumo.
• Sustentabilidade: a preocupação com questões ambientais e sociais tem levado as empresas a buscarem fornecedores de algodão que sigam práticas sustentáveis, o que impulsiona a produção de algodão orgânico e com certificações internacionais.

Desafios e oportunidades

Apesar do cenário positivo, o setor algodoeiro enfrenta alguns desafios, como:

• Variações climáticas: Eventos extremos como secas e enchentes podem afetar a produção e a qualidade da fibra.
• Pragas e doenças: O surgimento de novas pragas e doenças exige o desenvolvimento de novas tecnologias e estratégias de controle.
• Flutuações de preços: As oscilações nos preços internacionais do algodão podem afetar a rentabilidade dos produtores.