Muitas vezes, manter grandes quantidades de produtos ou insumos em estoque parece a maneira mais segura de garantir que a demanda dos clientes será atendida, não é mesmo? No entanto, essa abordagem pode rapidamente se tornar cara e ineficiente, levando ao desperdício de materiais, espaço e capital.
Nesse contexto, a metodologia just in time (JIT) se destaca como uma solução. Originalmente desenvolvida pela Toyota, ela visa alinhar a produção com a demanda real, permitindo que as companhias operem de forma ágil e econômica. E o melhor de tudo é que ela pode ser adaptada para negócios de qualquer porte.
Se você quer entender mais sobre o conceito, seus benefícios e como ele pode ser implementado, continue a leitura e aproveite a jornada!
O que é just in time (JIT)?
O just in time é uma metodologia de gestão e produção que se concentra em otimizar a eficiência ao longo de toda a cadeia de suprimentos (supply chain management). Seu princípio básico é produzir e fornecer apenas o necessário, no momento exato em que é preciso, eliminando o excesso de estoques e o desperdício.
Com isso, a empresa só produz aquilo que será consumido, reduzindo custos com armazenamento e minimizando perdas por deterioração ou obsolescência. Para companhias que frequentemente lidam com recursos limitados, o just in time pode ser uma solução poderosa para reduzir custos e aumentar a eficiência operacional.
Quando surgiu a metodologia just in time?
A metodologia just in time surgiu em um período de grandes transformações industriais, mais precisamente no Japão do pós-guerra. Durante a década de 1950, as empresas japonesas enfrentavam desafios como a escassez de recursos e a necessidade urgente de aumentar a eficiência produtiva para se reerguerem após os danos da Segunda Guerra Mundial.
Nesse cenário, a Toyota, que até então era uma empresa emergente no setor automobilístico, liderou o desenvolvimento do just in time. A inspiração para esse sistema veio de uma combinação de observações do mercado ocidental, principalmente das práticas de gestão dos Estados Unidos e das condições econômicas do Japão, que exigiam uma operação enxuta e ágil.
Os engenheiros da Toyota perceberam que uma grande quantidade de capital ficava imobilizada em estoques de peças e produtos acabados, o que prejudicava a flexibilidade da empresa e aumentava os custos.
Foi então que Taiichi Ohno, um dos principais arquitetos do just in time, teve a ideia de criar um sistema onde as peças só seriam fabricadas ou entregues conforme a demanda real do momento, reduzindo drasticamente os estoques. Dessa forma, cada etapa da produção era alimentada "just in time", ou seja, apenas na hora exata em que o próximo processo precisava.
Embora o conceito tenha se originado em uma montadora de automóveis, logo se mostrou aplicável em diversos outros setores da economia e seu impacto foi global.
Empresas de diferentes portes e segmentos adotaram o just in time para melhorar suas operações e eliminar desperdícios. O mais interessante é que, embora tenha sido idealizado para grandes indústrias, o just in time pode ser extremamente vantajoso para pequenas e médias empresas.
Por que o just in time é relevante para PMEs?
Para exemplificar, vamos citar o exemplo de uma pequena oficina. Ela atua com reparos automotivos e armazena grandes quantidades de peças de reposição para garantir que possa atender a todos os clientes.
Porém, ao final de cada mês, a empresa percebe que uma parte significativa dessas peças não foi utilizada e que, ao longo do tempo, algumas delas já perderam o valor, pois novos modelos de veículos demandam itens diferentes. O capital investido poderia ter sido direcionado para outras áreas do negócio, como marketing ou melhoria de serviços.
Com a implementação do just in time, essa oficina poderia trabalhar com um estoque muito mais enxuto, apenas solicitando as peças quando há uma demanda concreta, baseada nos serviços agendados ou nos pedidos em andamento. Isso reduziria o custo com armazenamento, diminuiria o risco de obsolescência e liberaria capital de giro para outras necessidades imediatas do negócio.
Outro exemplo que explica bem o tema é uma loja de roupas de pequeno porte. Aplicando o just in time, o estabelecimento pode evitar a compra em excesso de mercadorias que ficam encalhadas nas prateleiras.
Ao monitorar a demanda dos clientes em tempo real, a pessoa gestora da loja faz pedidos conforme as vendas, mantendo o estoque enxuto. Assim, além de economizar dinheiro, ela oferece sempre produtos atuais, com uma rotatividade maior, atendendo às necessidades imediatas do público sem sofrer com acúmulos indesejados.
Conseguiu compreender? O conceito de just in time é muito valioso, pois permite que pequenas e médias empresas operem de maneira ágil, liberando recursos para crescer e se adaptar rapidamente às mudanças do mercado sem serem prejudicadas pela falta de gestão de estoque.
Que tal ler nosso guia de gestão de estoque eficiente para reduzir custos e aumentar lucros? Temos certeza de que ele será um adicional valioso para a implementação do just in time!
Qual a relação do just in time com o método Kanban?
Embora o just in time seja uma filosofia de gestão de estoques e produção, o Kanban atua como uma solução visual que ajuda a organizar e a gerenciar o fluxo de trabalho dentro desse sistema. Mas como, exatamente, esses dois conceitos estão interligados?
O método Kanban é um sistema visual que foi originalmente desenvolvido para auxiliar na produção da Toyota. Ele tem como função principal controlar o fluxo de produção, garantindo que os processos sejam realizados de maneira eficiente, sem gargalos ou interrupções.
O nome "Kanban" vem do japonês e pode ser traduzido como "cartão" ou "sinal visual". E é exatamente isso que ele é: um método para visualizar o que está acontecendo em cada etapa da produção a fim de garantir que nada fique parado ou acumulado.
Para exemplificar, imagine uma linha de produção onde cada etapa do processo de fabricação é representada por um cartão. Quando uma é concluída, o cartão é movido para a próxima, indicando que o próximo passo pode começar. Esse sistema garante que o fluxo de trabalho seja contínuo e permite que todos na equipe saibam o que deve ser feito em cada momento.
Como o Kanban apoia o just in time?
O método Kanban se alinha perfeitamente ao conceito de just in time porque ajuda as empresas a manterem a produção funcionando de maneira organizada e sincronizada com a demanda. Com o primeiro método, a organização evita produzir em excesso e garante que os produtos sejam entregues no tempo certo, sem criar estoques desnecessários.
Além disso, o Kanban permite que seja dada uma resposta rápida a mudanças nas demandas. Se houver um aumento repentino nos pedidos de um determinado produto, o sistema visual facilita o ajuste do fluxo de produção para atender a essa necessidade de forma eficiente.
Da mesma forma, se a demanda diminuir, a produção pode ser desacelerada para evitar a criação de estoques "inúteis" em momentos específicos, mantendo a operação enxuta conforme os princípios do just in time.
Para as pequenas e médias empresas, essa combinação pode ser transformadora. O Kanban traz a clareza visual necessária para que todos entendam o que está acontecendo em cada etapa do processo, permitindo que a equipe colabore de forma mais eficiente e que a produção siga o ritmo da demanda, conforme os princípios do just in time.
Qual é o objetivo do just in time? Quais são as suas vantagens?
O just in time pode ser resumido em uma única palavra: eficiência. Isso significa que as empresas produzem exatamente o que é necessário, no momento em que é necessário, para atender à demanda. Nada a mais, nada a menos.
Essa abordagem não apenas economiza recursos, mas também melhora a qualidade do serviço e do produto final. Para entender completamente o propósito do JIT, vamos desdobrar esse conceito em alguns aspectos essenciais. Continue a leitura!
Redução de custos e desperdícios
Talvez a característica mais marcante do conceito seja o seu foco na eliminação de desperdícios. Nas pequenas e médias empresas, qualquer recurso desperdiçado — seja tempo, dinheiro ou materiais — pode ter um impacto significativo no resultado final, não é mesmo?
Considere, por exemplo, um pequeno empreendimento de alimentos que, ao longo do mês, precisa descartar produtos por causa de excessos ou má gestão de estoque. Seguindo os princípios do just in time, essa organização passa a produzir apenas o que vai vender, reduzindo drasticamente as perdas.
O desperdício, claro, não se limita a materiais. Ele pode ocorrer em forma de tempo ocioso ou processos ineficientes. Então, o just in time busca cortar todos esses pontos fracos, permitindo que se opere de maneira mais leve e econômica.
Melhoria da eficiência
O segundo objetivo central do just in time é melhorar a eficiência operacional. Em uma companhia que adota essa metodologia, os processos são organizados de maneira que tudo funcione em harmonia.
Os fornecedores entregam materiais exatamente quando são necessários para a produção, que segue um ritmo que coincide com a demanda real dos clientes. Isso evita interrupções e acúmulo de estoques.
Para ilustrar melhor, pense em uma microempresa de confecção de roupas. Sem o just in time, ela poderia acumular grandes quantidades de tecido, na esperança de que a demanda pelos produtos correspondentes eventualmente cresça.
Com o método, porém, a marca monitora as vendas com precisão e faz pedidos conforme necessário, evitando gastos desnecessários com armazenamento e perdas.
Flexibilidade na produção
O just in time também traz o benefício da flexibilidade na produção. Como ela está diretamente vinculada à demanda, o empreendimento pode ajustar sua capacidade de acordo com as variações do mercado, o que é especialmente útil para negócios que frequentemente precisam adaptar sua operação com base em picos de demanda, como as principais datas comemorativas ou promoções.
Por exemplo, uma pequena gráfica que usa o JIT pode aumentar sua produção de cartões de visita em épocas de maior demanda, como início de ano, quando novos empreendedores buscam materiais de divulgação. Da mesma forma, em períodos mais calmos, a produção pode ser reduzida sem criar um excesso de estoque ou comprometer o fluxo de caixa.
Criação de valor
Por fim, o just in time também busca a criação de valor tanto para a empresa quanto para o cliente. Para o empreendedor, a metodologia permite uma operação mais eficiente, liberando capital que pode ser reinvestido em melhorias ou expansão do negócio.
Para o cliente, o just in time proporciona produtos mais frescos, serviços mais ágeis e, muitas vezes, preços mais competitivos, já que os custos operacionais da empresa são reduzidos.
Essa combinação de eficiência interna e entrega de valor ao cliente faz do método uma estratégia atraente para qualquer organização, independentemente do porte. Especificamente em pequenos e médios negócios, onde os recursos costumam ser mais limitados, o just in time pode realmente fazer a diferença ao transformar processos estagnados em operações ágeis e lucrativas.
Como funciona o just in time?
A implementação do just in time envolve uma reestruturação cuidadosa dos processos operacionais, que vão desde o tempo de preparação até a gestão de fornecedores.
O sucesso da metodologia depende de uma série de fatores atuantes em sinergia para garantir que a produção seja eficiente, ágil e sem desperdícios. Para explicar, vamos explorar neste tópico como o just in time se aplica em cinco áreas principais:
- Tempo de preparação;
- Mão de obra;
- Layout;
- Qualidade,
- Fornecedores.
1. Tempo de preparação
O primeiro componente do just in time é a redução do tempo de preparação. Ou seja, os processos devem ser otimizados para garantir que o tempo entre a solicitação de um pedido e o início da produção seja o menor possível.
Imagine aqui uma pequena gráfica. Se ela recebe um pedido de impressão de convites personalizados, o tempo que ela leva para configurar a máquina, selecionar os materiais e começar a impressão faz parte do tempo de preparação.
Em um sistema just in time, esse tempo é minimizado por meio da organização eficiente — os materiais estão sempre disponíveis e as máquinas prontas para operar com o mínimo de ajustes. Assim, permite-se que a produção comece quase imediatamente após o recebimento do pedido, sem atrasos desnecessários.
2. Mão de obra
No just in time, a mão de obra deve ser altamente qualificada e flexível. Isso significa que as pessoas colaboradoras precisam estar preparadas para realizar múltiplas tarefas e adaptar-se rapidamente às mudanças nas demandas. Então, o foco aqui está em aproveitar ao máximo o talento e a habilidade de cada pessoa, garantindo que a produção siga um fluxo constante e eficiente.
Em uma pequena padaria, por exemplo, a pessoa funcionária responsável pela produção dos pães pode, em um momento de menor demanda, auxiliar na produção de doces ou no atendimento ao cliente. O importante é que todos estejam prontos para contribuir onde for necessário, sem tempo ocioso.
3. Layout
Outro elemento importante do just in time é o layout da empresa, ou seja, a forma como os equipamentos e os espaços são organizados. Ele deve ser projetado para minimizar o deslocamento desnecessário, reduzir o tempo de transporte de materiais e facilitar a comunicação entre diferentes setores.
Aqui, vamos pensar em uma oficina de marcenaria que fabrica móveis sob encomenda. Em um layout tradicional, a serralheria pode estar em uma extremidade da oficina, enquanto o setor de acabamento está na outra.
Infelizmente, isso cria uma necessidade de transporte constante de materiais entre os dois setores, desperdiçando tempo e aumentando o risco de erros. Mas com o just in time, a oficina poderia reorganizar o espaço de modo que as etapas do processo de produção estejam mais próximas umas das outras, minimizando o tempo entre as fases e aumentando a produtividade.
4. Qualidade
A qualidade é outro pilar fundamental do just in time. Na metodologia, a qualidade deve ser incorporada em cada etapa do processo, não apenas no final — cada pessoa colaboradora é responsável por garantir que o produto atenda aos padrões de qualidade em todas as fases da produção. Assim, a empresa evita retrabalhos, desperdícios e devoluções, fatores que podem prejudicar o fluxo de operação e os lucros.
5. Fornecedores
Por fim, temos que as companhias precisam de fornecedores confiáveis que possam entregar os materiais no momento certo e na quantidade exata. Qualquer atraso ou falha pode causar interrupções significativas na produção, o que compromete não apenas toda a metodologia just in time, mas também a jornada de compra do consumidor.
Para as PMEs, manter uma relação sólida com fornecedores é essencial. Uma loja de cosméticos, por exemplo, precisa garantir que os fornecedores de embalagens entreguem os frascos no momento exato em que serão usados na produção.
Se chegam cedo demais, elas ocupam espaço no estoque, contrariando o princípio do just in time. Se chegam tarde demais, a produção para e os pedidos atrasam. Por isso, estabelecer parcerias estratégicas com fornecedores, muitas vezes locais, permite que as marcas adotem o método sem depender de longos prazos de entrega ou grandes pedidos de lotes.
Para ter mais confiança na hora de escolher seu parceiro, confira nosso blog post que traz 13 dicas para escolher fornecedores confiáveis e produtivos!
3 dicas para implementar o just in time em sua empresa
Agora que você já descobriu o que é just in time e assuntos relacionados a ele, chegou a hora de colocar em prática nos seus negócios. Com o planejamento adequado e as práticas corretas, essa transição pode ser feita de maneira tranquila. Por isso, trouxemos algumas dicas essenciais para começar. Continue com a gente e aproveite!
1. Estabeleça um planejamento com análises detalhadas
O primeiro passo para implementar o just in time é realizar um planejamento estratégico detalhado, ou seja, mapear todo o fluxo de trabalho da sua empresa, desde o recebimento de matérias-primas até a entrega dos produtos finais.
Identifique onde estão os gargalos, desperdícios e ineficiências, pois esse mapeamento ajudará a estruturar a implementação de maneira eficaz, além de estabelecer metas claras, melhorar o fluxo das operações e, quem sabe, até aumentar a produtividade dos envolvidos.
Vale mencionar que a análise cuidadosa dos gargalos de produção é indispensável. Pergunte-se em quais etapas do processo ocorrem atrasos e onde há desperdício de recursos, pois isso permitirá ajustar os fluxos e integrar o just in time de forma a maximizar os benefícios que citamos.
2. Comece pequeno e evolua gradualmente, treinando sua equipe
Comece implementando o just in time em uma pequena parte da operação e, aos poucos, expanda para outros setores. Dessa forma, você permitirá que a equipe se adapte ao novo sistema sem sobrecarregar a empresa. À medida que os processos vão se ajustando e os resultados aparecem, expanda o método para toda a organização.
Vale lembrar que essa implementação exige uma equipe bem treinada e engajada com a cultura organizacional do seu negócio. As pessoas colaboradoras precisam entender como o sistema funciona e como seus papéis individuais contribuem para o sucesso da metodologia.
Então, invista em capacitação com cursos, workshops, networks e outros métodos de ensino e desenvolvimento profissional, além de explicar os benefícios do just in time para que todos estejam alinhados aos objetivos da empresa a curto, médio e longo prazo.
3. Escolha fornecedores estratégicos
Por fim, reiteramos que é fundamental trabalhar com parceiros que possam entregar materiais de forma confiável e no prazo necessário. Uma dica prática e rápida é estabelecer acordos claros com eles, além de manter uma comunicação constante para garantir que o fluxo de materiais não seja interrompido.
Chegamos ao fim de mais um conteúdo sobre metodologias de otimização para empresas e esperamos que você tenha gostado. O assunto abordado aqui é muito mais do que uma simples forma de gerenciar estoques, é um jeito de pensar a produção de maneira mais inteligente e econômica.
Comece devagar, adapte o sistema à sua realidade e, aos poucos, colha os frutos de uma gestão mais eficiente e de uma operação mais enxuta e lucrativa. O just in time pode ser o passo que sua empresa precisa para crescer de maneira sustentável e alcançar novos patamares de sucesso!