• Comparação anual mostra leve retração de 0,5 ponto percentual
  • Análise de tendências para 2024 e 2025 avalia movimentação dos juros
  • Análise detalhou números do Setor Primário, Comercial, Industrial e de Serviços

Um levantamento inédito feito pela Serasa Experian revelou o cenário de concessão do Crédito Mercantil (que é o crédito obtido junto a fornecedores, via recebíveis, ou demais instituições não bancárias) no Brasil. Os dados mostraram que essa modalidade representou 38,7% do total de linhas de crédito concedidas em 2023 – uma queda de 0,5 ponto percentual no comparativo com 2022, que marcou 39,2%. A análise avaliou cerca de 80 mil demonstrativos financeiros de empresas do Setor Primário, Industrial, Comercial e de Serviços relacionados aos dados de 2023 e que foram disponibilizados para o mercado no final de 2024.

Confira os dados completos no gráfico abaixo sobre a movimentação ano a ano:

Gráfico da Serasa Experian com a evolução de crédito mercantil atualizado em janeiro de 2025
 

Para a economista da Serasa Experian, Camila Abdelmalack, é preciso entender o contexto em que se registrou a queda no cenário de crédito mercantil brasileiro. “Em 2023, a taxa Selic caiu 2 pontos percentuais, passando de 13,75% para 11,75% ao final do ano. Com isso, houve uma redução no custo do crédito bancário, tornando-o mais acessível e, naturalmente, diminuindo a participação das linhas de crédito mercantil”.

Por outro lado, quando a taxa de juros aumenta, o mercado recorre ao crédito mercantil. “Foi o que aconteceu, por exemplo, entre 2015 e 2016, diante do quadro inflacionário em meio à crise econômica, quando a taxa de juros atingiu o patamar de 14,25%. Em momentos de forte elevação dos juros é possível observar um aumento na participação do crédito mercantil, que surge como alternativa ao ambiente financeiro restritivo que impacta diretamente não apenas o custo, mas também o acesso ao crédito bancário”.

2023: comércio tem maior participação impulsionada pela oferta de produtos de crédito

O levantamento também avaliou recortes setoriais, e suas subdivisões, sobre o uso do Crédito Mercantil. O Comério foi o segmento que marcou a maior participação na modalidade em 2023, com 54,1% de todas as transações e, ainda assim, com leve queda de 0,3 ponto percentual no comparativo anual. Dentro desse setor, o Varejo liderou com 53,6%, embora também tenha marcado retração de 0,2 ponto percentual na relação ano a ano.

De acordo com o diretor executivo de Novos Negócios da Serasa Experian, Fabrini Fontes, as oportunidades de crédito, quando falamos do Varejo, estão presentes, principalmente, no momento da oferta de produtos. “Modalidades com o ‘Buy Now, Pay Later’ ou CDC Digital, por exemplo, permitem aos clientes o pagamento de produtos e serviços de forma parcelada, mesmo sem um cartão de crédito. O que aumenta o poder de compra e o ticket médio de consumo, gerando aumento de receita e a fidelização do cliente.”

Ainda segundo o executivo, também no setor de Atacado, o crédito mercantil oferece alternativas para o financiamento de empresas que, por sua vez, podem utilizar seus recebíveis futuros como garantia de operações. “Os empreendedores têm utilizado as vendas a prazo como garantia para tomar crédito, tendo acesso a maiores limites e com taxas de juros bastante competitivas, e isso tem se mostrado uma alternativa eficiente para manter o fluxo de caixa saudável sem onerar o negócio.”

O estudo mostra ainda que a redução do crédito mercantil também ocorreu nos demais setores analisados. O segmento de Indústria registrou queda de 4 pontos percentuais, indo de 41,5% em 2022 para 41,1% em 2023. Já o setor Primário teve uma queda mais significativa, passando de 28,6% para 26,0%. Na categoria de Serviços, a retração foi 0,6 ponto percentual, indo de 22,6% para 22,0%.

“Diferente do Comércio, o segmento industrial, por exemplo, pode se beneficiar realizando operações como a antecipação aos fornecedores, que consiste em pagar um título futuro antecipadamente e negociar descontos sobre o valor original. Essa relação fortalece vínculos de negócio junto aos fornecedores e permite o benefício mútuo entre empresas, reduzindo custos e viabilizando ganhos de fluxo de caixa a taxas competitivas”, comenta Fabrini Fontes.

Veja no quadro a seguir as informações na íntegra:

Tabela da Serasa Experian com a evolução do crédito mercantil atualizado em janeiro de 2025
 

“Analisar o cenário histórico de diferentes linhas de crédito empresariais é fundamental para entender o comportamento dos negócios em seus diferentes setores e as oportunidades de crédito que podem surgir. Com esse tipo de embasamento e as soluções voltadas à Infraestrutura de Crédito, como o Credit as a Service e os Indicadores de Recebíveis que desenvolvemos aqui na Serasa Experian, é possível viabilizar que novos players passem a participar ativamente do mercado de crédito e, dessa forma, fomentem a economia e o empreendedorismo no país”, finaliza o diretor executivo de Novos Negócios da Serasa Experian, Fabrini Fontes”.

Expectativa: 2024 deve ter quadro similar a 2023 e 2025 pode ser impactado por condições financeiras mais restritivas

De acordo com Camila Abdelmalack, economista da Serasa Experian, “no ciclo de redução dos juros entre agosto de 2023 e maio de 2024, a taxa Selic passou de 14,25% para 10,25%, contribuindo diretamente para redução do custo do crédito bancário, que cresceu em 2023 no ritmo de dois dígitos na comparação anual com 2024. Além disso, o ambiente econômico aquecido fomentou o consumo, elevando a participação do crédito bancário em detrimento do mercantil.” A economista acrescenta que, “os dados de 2024, que serão divulgados pelo mercado no final de 2025, devem mostrar um cenário similar ao de 2023 aqui analisado”.

No entanto, Camila explica que, para 2025, o contexto econômico será diferente, com juros altos e desaceleração da atividade econômica, que poderá acarretar uma nova onda de crescimento do crédito mercantil e retração do bancário. “O ciclo de elevação dos juros iniciado em setembro de 2024 levou a Selic de 10,25% para 12,25% ao final do ano. O Copom (Comitê de Política Monetária) sinalizou que a taxa de juros chegará pelo menos em 14,25% ao final do primeiro trimestre e poderá seguir em rota de elevação”.

Para a economista existem fatores que impulsionarão a participação do crédito mercantil durante o ano de 2025, além do encarecimento do crédito bancário, que já é uma realidade no país. “Existe um aperto restritivo nas condições do mercado para a concessão desse tipo de crédito, com bancos mais criteriosos, carteiras mais seletivas e menor apetite ao risco, o mercantil ganha espaço”.

Metodologia

O estudo contemplou as informações constantes das demonstrações financeiras presentes em cerca de 1 milhão balanços patrimoniais coletados ao longo do período de dezembro de 2008 a dezembro de 2021 (80 mil somente neste último ano) e que integram a base de dados da Serasa Experian. Através destas informações calculou-se, para cada empresa, em cada ano, a estatística de participação do crédito mercantil sobre os créditos totais. O valor do percentual de crédito mercantil para cada segmento/setor corresponde à mediana da distribuição dessas estatísticas das empresas que integram cada segmento/setor.


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Com o propósito de criar um futuro melhor para todos ampliando oportunidades para pessoas e empresas, capacita pessoas na área de tecnologia e impulsiona pequenos negócios e startups de impacto social por meio de programas próprios e gratuitos. É considerada uma Top Company do LinkedIn e uma das melhores empresas para trabalhar, reconhecida pelo GPTW. Também é a empresa de serviços mais inovadora do país, certificada pelo Prêmio Valor Inovação Brasil.

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