Entenda como a análise histórica de imagens de satélite permite atingir mais competitividade e sustentabilidade no agronegócio
Por Bernardo Rudorff:
Eng. Agrônomo (UFV) e PhD (UMCP) - 32 anos de INPE como pesquisador, pioneiro no sensoriamento remoto aplicado à agricultura no Brasil, idealizador de projetos inovadores como fiscalização do crédito agrícola, estimativa de produtividade agrícola, mapeamento da cana-de-açucar e metodologia da Moratória da Soja. Atualmente lidera os estudos de mudança de uso da terra relacionados com o potencial de expansão das culturas agrícolas nos biomas Cerrado e Amazônia.
Quase metade dos 5.563 municípios brasileiros cultivou soja na safra 2021/2022. O mapeamento feito pela Agrosatélite, empresa de que foi adquirida pela Serasa Experian, apontou que 2.703 cidades plantaram 42,85 milhões de hectares do grão. A área equivale a 5% do território brasileiro. Metade dessa produção, ou seja 50%, concentrou-se no bioma Cerrado.
A cultura da oleaginosa ocupa 11% da área do bioma. Distribuído pelos estados de Goiás, Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Bahia, Maranhão, Piauí, Rondônia, Paraná, São Paulo e Distrito Federal, além de encraves no Amapá, Roraima e Amazonas, o Cerrado representa 23,3% da extensão do Brasil.
A análise histórica de imagens feitas por satélite, além de revelar áreas que representam oportunidades para investimentos, permitem desenhar estratégias de negócios alinhados a boas práticas de sustentabilidade, como veremos neste artigo.
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Análise histórica: cultivo de soja triplicou em 21 anos no Cerrado
Além do período correspondente à safra 2021/2022, a análise histórica de produtividade do bioma Cerrado demonstrou que o plantio de soja triplicou de tamanho em duas décadas. Conhecida como uma das últimas fronteiras agrícolas do país, o MATOPIBA representa milhões de hectares de plantio espalhados pelos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. A região tem se destacado no agronegócio brasileiro pela performance da produção de soja, tendo crescido cinco vezes de tamanho nos últimos 21 anos.
Confira no infográfico abaixo:
Expansão da soja no Cerrado em 21 anos:
- 7,43 milhões de hectares em 2000/2001
- 21,43 milhões em 2021/2022
- Dos 1.434 municípios do bioma, 1.122 cultivam soja
A taxa média de expansão foi de:
- 667 mil hectares ao ano
- 470 mil hectares nos demais estados do bioma
- 197 mil hectares na região do MATOPIBA (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia)
No MATOPIBA a área de soja aumentou 5 vezes:
- 0,965 milhão de hectares em 2000/2001
- 5,1 milhões de hectares em 2021/2022
- 24% da soja do bioma
No demais estados do bioma, a área de soja aumentou 2,5 vezes:
- 6,5 milhões de hectares em 2000/2001
- 16,3 milhões de hectares em 2021/2022
- 76% da soja do bioma.
Veja, no vídeo abaixo, o resultado de 21 anos de mapeamento da soja no Cerrado:
[Legenda]: No vídeo é possível acompanhar a expansão das lavouras de soja entre as safras 2000/01 e 2021/22 destacando oito anos de safra. Os quatro recortes evidenciam a região central do Mato Grosso (I. Paranatinga); a região do sul do Maranhão e Piauí (II. Entorno de Balsas-MA e Baixa Grande do Ribeira–PI; a região do oeste da Bahia (III. Entorno de Barreiras–BA); e a região central de Tocantins (IV. Entorno de Porto Nacional–TO) onde a sojicultura foi adquirindo maior relevância a partir do ano 2000.
Como a análise histórica de 21 anos das imagens de satélite pode gerar negócios mais eficazes e sustentáveis?
Ao mapear o período de 21 anos da evolução da área cultivada de soja no bioma Cerrado, nossa equipe de especialistas traz informações relevantes para empresas, associações, investidores e também para a pauta de conservação. Alguns exemplos:
- Defina estratégia de investimentos: ao analisar o aumento significativo da área de cultivo de soja ao longo dos anos, é possível identificar tendências de expansão dentro e fora da conformidade socioambiental ou em substituição de outras atividades. Isso permite que a cadeia de valor do agro se prepare para atender à crescente demanda da cadeia de produção da soja, ao entender o movimento da fronteira agrícola, desenvolva estratégias de expansão e antecipe decisões de investimento em infraestrutura com menos riscos.
- Ganhe maior previsibilidade para gestão de cadeia produtiva: com base nas imagens de satélite e no histórico de expansão da soja, é possível fazer previsões e estimativas sobre a produção agrícola, podendo auxiliar na definição de logística e distribuição, garantindo uma gestão eficiente da cadeia produtiva.
- Saiba exatamente onde adquirir terras ou instalar operações: com base nos dados históricos e combinando informações de aptidão agrícola, é possível identificar regiões ou estados dentro do bioma Cerrado que apresentam um crescimento mais expressivo na área de cultivo de soja. Essas regiões podem representar possibilidade de investimentos para aquisição de terras, instalação de novas unidades produtivas ou estabelecer relações com produtores locais. Também abrem oportunidades para que fornecedores e distribuidores planejem suas ações comerciais de abastecimento de insumos com base nas demandas reais dos produtores.
- Dimensione melhor a safra e proteja-se contra a variação dos preços: os dados históricos e os mapas atuais podem ajudar a entender a relação entre o crescimento da área de cultivo e as flutuações nos preços da soja. Essa compreensão permite uma antecipação às possíveis mudanças nos preços e ajuste de estratégias de comercialização e estoque.
- Lidere a dinâmica regional de sustentabilidade e responsabilidade ambiental: A expansão da sojicultura deve ocorrer, preferencialmente, sobre áreas já abertas, como as pastagens degradadas ou de baixa produtividade, para diminuir a pegada da cadeia da soja sobre novos desmatamentos, reduzindo também as emissões de carbono associadas à cultura. Os dados históricos retratam a dinâmica da mudança de uso da terra para o cultivo de soja e ajudam a quantificar o risco da soja associada ao desmatamento. Isso inclui o cumprimento da legislação ambiental e de marcos regulatórios para assegurar a sustentabilidade ambiental da produção de soja.
Saiba mais sobre as vantagens que as análises de imagens de monitoramento feitas por nossa equipe de especialistas são capazes de oferecer. Aumente a sua eficiência operacional com menos risco e em compliance com as melhores práticas ESG.
