Título de crédito estimula investidores a destinar recursos para produtores rurais que preservam vegetação nativa

O avanço das práticas ESG no mundo corporativo tem impulsionado a criação de novas ferramentas de crédito para estimular empresas, indústrias e investidores a se aliarem a produtores rurais na busca por soluções e projetos que preservem o meio ambiente e tenha impacto na redução e mudanças climáticas. Uma das inciativas mais interessantes nesse sentido é a Cédula de Produto Rural (CPR Verde).

Conhecendo a CPR Verde

A CPR Verde é empregada para financiar ações de reflorestamento e manutenção de vegetação nativa nas propriedades rurais. Mas ela não é um tipo de dívida com características ambientais.

É um título de crédito que materializa um acordo para que os produtores rurais comercializem serviços ecossistêmicos, ou seja, produtos associados às atividades de conservação ou recuperação de florestas nativa e de seus biomas através de uma CPR própria.

Estimativas do Ministério da Economia em 2021 apontavam um mercado potencial de R$30 bilhões em quatro anos, considerando a certificação de créditos de carbono das florestas brasileiras.

A CPR Verde pode ser emitida para os produtos rurais obtidos por meio de atividades de conservação e recuperação de florestas nativas e seus biomas que resultem em:

  • Redução de emissões de gases de efeito estufa;
  • Manutenção ou aumento do estoque de carbono florestal;
  • Redução do desmatamento e da degradação de vegetação nativa;
  • Conservação da biodiversidade;
  • Conservação dos recursos hídricos;
  • Conservação do solo;
  • Outros benefícios ecossistêmicos.

Mas, calma aí. O que são serviços ecossistêmicos?

Parece mais complicado do que realmente é. Podemos dizer que Serviços Ecossistêmicos abrangem tudo o que um ecossistema fornece ao ser humano. Eles podem ser classificados em quatro categorias: provisão (a capacidade dos ecossistemas de prover alimentos, matéria-prima, recursos genéticos, água, energia, etc.), reguladores (benefícios que resultam de processos naturais que regulam condições ambientais como controle de enchentes e erosão, purificação do ar e leitos de rios, etc.), culturais (ecossistemas que oferecem atividades recreacionais e educacionais como o turismo impulsionado por elementos naturais, o uso de parques e reservas para atividades de lazer ou esporte) e suporte (processos naturais fundamentais para a manutenção e existência dos outros serviços como a ciclagem de nutrientes, formação de solos, polinização, etc.).   

Pagar para preservar

A CPR Verde permite que os produtores negociem árvores em crescimento ou que já estejam “em pé” nas suas propriedades, assim como o sequestro de carbono executado por elas.

Dá para dizer que é como se o investidor “pagasse pela preservação da floresta em pé” para que o proprietário da área que preserva a vegetação nativa receba recursos financeiros em troca.

 E como isso funciona?

Qual a diferença entre a CPR Verde e a CPR Tradicional?

A Cédula de Produto Rural tradicional foi criada em 1994 e buscava possibilitar o autofinanciamento dos agropecuaristas no investimento de suas safras. Esse título representa uma promessa de entrega futura de um produto agropecuário e pode ser emitido em duas modalidades:

CPR Física: o pagamento acontece com a entrega do produto pelo emitente, na quantidade e qualidade descritas na cédula;

CPR Financeira: instituída pela Lei nº 10.200/2001, o pagamento ocorre por meio da liquidação financeira, no vencimento, do valor descriminado na cédula.