Em um país com desafios sociais diversos e complexos, as Organizações da Sociedade Civil (OSCs) desempenham um papel fundamental na promoção de iniciativas que visam ao bem-estar coletivo. Essas entidades, muitas vezes conhecidas como ONGs, atuam em diferentes áreas, desde saúde e educação até meio ambiente e direitos humanos, buscando preencher lacunas deixadas pelo setor público e privado.
Com a crescente demanda por ações que promovam a inovação social e o desenvolvimento sustentável, as OSCs têm se destacado como agentes de transformação, mobilizando recursos, conhecimento e voluntariado para causas relevantes. No entanto, apesar de sua importância, muitas pessoas ainda têm dúvidas sobre o que são exatamente essas organizações, como funcionam e qual é o seu impacto na sociedade.
Neste artigo, exploraremos o conceito de OSC, suas características, áreas de atuação, diferenças em relação a outras entidades similares, o marco regulatório que as orienta e os desafios que enfrentam.
O que caracteriza uma Organização da Sociedade Civil?
As Organizações da Sociedade Civil são entidades privadas, sem fins lucrativos, que atuam em prol do interesse público. Elas são formadas por grupos de pessoas que se unem voluntariamente para desenvolver atividades que visam ao bem comum, sem a intenção de obter lucro. Essas organizações têm personalidade jurídica própria e são autoadministradas, ou seja, possuem autonomia para definir sua estrutura e funcionamento.
Para serem reconhecidas como OSCs, as entidades devem atender a critérios legais específicos, como:
- Ser constituídas como associações, fundações ou organizações religiosas que desenvolvam atividades de interesse público;
- Não distribuir lucros, dividendos ou qualquer tipo de excedente entre seus membros;
- Aplicar integralmente seus recursos na manutenção e desenvolvimento de seus objetivos institucionais.
Essas características distinguem as OSCs de outras entidades, como empresas privadas, que têm como objetivo principal a geração de lucro para seus acionistas.
Diferenças entre OSC, ONG, OSCIP e OS
Embora os termos OSC e ONG sejam frequentemente usados como sinônimos, existem diferenças importantes entre eles. ONG é uma expressão mais ampla, que se refere a qualquer organização não governamental, independentemente de sua estrutura jurídica ou área de atuação.
Já a OSC é um termo legalmente definido, utilizado para designar entidades que atendem aos critérios estabelecidos pela Lei nº 13.019/2014, conhecida como Marco Regulatório das Organizações da Sociedade Civil (MROSC).
Além disso, existem outras classificações específicas:
- OSCIP (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público): é uma qualificação concedida pelo Ministério da Justiça a entidades que atendem a requisitos adicionais, como transparência na gestão e atuação em áreas prioritárias definidas pelo governo;
- OS (Organização Social): são entidades privadas qualificadas pelo Poder Público para prestar serviços públicos em áreas como saúde, educação e cultura, mediante contratos de gestão.
Essas diferentes denominações refletem as diversas formas de organização e parceria entre a sociedade civil e o Estado, cada uma com suas especificidades e exigências legais.
Áreas de atuação das OSCs no Brasil
As OSCs atuam em uma ampla gama de áreas, buscando atender às necessidades da população e promover o desenvolvimento social. Entre as principais áreas de atuação, destacam-se:
- Saúde: promoção de campanhas de prevenção, atendimento médico gratuito, apoio a pessoas com doenças crônicas, entre outros;
- Educação: oferta de cursos, capacitações, reforço escolar e programas de alfabetização;
- Assistência social: apoio a populações em situação de vulnerabilidade, como pessoas em situação de rua, crianças e adolescentes em risco, idosos e pessoas com deficiência;
- Meio ambiente: ações de preservação ambiental, educação ambiental, reflorestamento e combate às mudanças climáticas;
- Direitos humanos: defesa dos direitos de grupos marginalizados, combate à discriminação e promoção da igualdade;
Essas organizações desempenham um papel importante na promoção da cidadania e na construção de uma sociedade mais justa e equitativa.
O papel das OSCs no desenvolvimento social
As OSCs contribuem significativamente para o desenvolvimento social do país, atuando como parceiras do Estado na implementação de políticas públicas e na prestação de serviços essenciais à população. Elas têm a capacidade de identificar demandas locais, mobilizar recursos e implementar soluções inovadoras para problemas sociais complexos.
Além disso, as OSCs promovem a participação cidadã, fortalecem o tecido social e estimulam a solidariedade e o engajamento comunitário. Por meio de suas ações, essas organizações ampliam o acesso a direitos e oportunidades, contribuindo para a redução das desigualdades e a promoção da justiça social.
Marco Regulatório das Organizações da Sociedade Civil (MROSC)
O Marco Regulatório das Organizações da Sociedade Civil, instituído pela Lei nº 13.019/2014, estabelece o regime jurídico das parcerias entre a administração pública e as OSCs. Essa legislação visa promover maior transparência, segurança jurídica e eficiência na celebração de parcerias, para definir regras claras para a formalização, execução e prestação de contas dos projetos desenvolvidos em conjunto.
Instrumentos jurídicos específicos
A Lei nº 13.019/2014 introduziu instrumentos jurídicos específicos para formalizar as parcerias entre o poder público e as OSCs:
- Termo de colaboração: utilizado quando a iniciativa parte da administração pública, pois visa à execução de políticas públicas já estabelecidas;
- Termo de fomento: aplicado quando a proposta de parceria é apresentada pela OSC, buscando desenvolver projetos de interesse público;
- Acordo de cooperação: adotado em situações que não envolvem transferência de recursos financeiros, mas que requerem a cooperação entre as partes para atingir objetivos comuns.
Esses instrumentos substituem os convênios anteriormente utilizados e proporcionam maior clareza e adequação às especificidades das parcerias com as OSCs.
Avanços e benefícios do MROSC
A implementação do MROSC trouxe avanços significativos para as parcerias entre o Estado e as OSCs:
- Transparência: a exigência de chamamento público para seleção das OSCs parceiras promove processos mais abertos e acessíveis;
- Segurança jurídica: a definição clara dos instrumentos jurídicos e das responsabilidades das partes envolvidas reduz incertezas e conflitos;
- Eficiência: a padronização dos procedimentos e a definição de prazos e metas contribuem para uma gestão mais eficaz dos projetos;
- Fortalecimento Institucional: as OSCs ganham maior reconhecimento e respaldo legal, o que pode facilitar o acesso a recursos e ampliar sua atuação.
Desafios e perspectivas
Apesar dos avanços, a implementação do MROSC ainda enfrenta desafios, como a necessidade de capacitação dos gestores públicos e das OSCs para lidar com os novos procedimentos e a adaptação dos sistemas de controle e fiscalização. A continuidade do diálogo entre os diversos atores envolvidos é fundamental para aprimorar a aplicação da lei e fortalecer as parcerias em prol do interesse público.
As OSCs desempenham uma função relevante na promoção do bem-estar coletivo e no fortalecimento de políticas públicas. Com a regulamentação adequada e boas práticas de gestão, essas organizações ampliam seu impacto social e ganham mais eficiência nas parcerias com o setor público.
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